quinta-feira, 9 de maio de 2013

Professora Janeide Cruz é destaque no Escolas do Brasil


Esse é o Ano Paulo Freire de Educação no Rio Grande do Norte, em que o governo estadual está aproveitando a importância política e histórica do aniversário de 50 anos da experiência de Freire em Angicos para ampliar as ações na área e para repensar o currículo da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O Ano é formado por diversas ações de incentivo e promoção da EJA no Estado, desde eventos para celebrar a data, até a formação de educadores e reformulação dos currículos.

"Nossa perspectiva é justamente reduzir a incidência do analfabetismo nos municípios do Rio Grande do Norte. Estamos reforçando o Programa Brasil Alfabetizado e as ações do Pacto Paulo Freire serão feitas em conjunto com o Brasil Alfabetizado", explica Joaquim Oliveira (foto).

O eixo norteador do projeto é o de que a alfabetização não se limita a ler, escrever e fazer contas matemáticas, ou seja, retoma o pensamento freiriano. As universidades auxiliarão o governo principalmente nas questões de formação de educadores e de reformulação do currículo. "Precisamos de educadores qualificados e preparados para trabalhar com esse público específico. Principalmente por esta especificidade, a secretária tem insistido na reformulação dos currículos de EJA. “Por que a gente não começa a trabalhar com as áreas de conhecimento? Por que não trabalhamos buscando descobrir naquele contexto, naquela região, quais são as habilidades e competências necessárias para o indivíduo progredir, crescer e se desenvolver, independente da idade?", defende o secretário adjunto.

As secretarias municipais de educação também serão parceiras. "Vamos fazer encontros com os secretários municipais de educação. Assim, não vai existir Educação de Jovens e Adultos do município e do Estado; vai ser tudo uma coisa só. O olhar precisa ser o mesmo e não pode haver conflito", defende Janeide Cruz, que faz parte do comitê criador do Ano no Estado. O Estado também premiará gestores e professores que tiverem os melhores resultados para incentivar os educadores envolvidos.

A Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Norte ainda não definiu todos os pontos do plano de ação e nem as metas do programa. Espera-se que os índices de analfabetismo apresentem melhores resultados e que a educação pública tenha formação com viés mais democrático e cidadão entre 6 e 8 anos. Tentamos contato com dois partidos de oposição via e-mail, mas não tivemos sucesso. Espero que, daqui alguns anos, em uma próxima viagem pelo Brasil, encontre pessoas beneficiadas pelas ações do Ano Paulo Freire de Educação no RN e que elas tenham tanta vontade de melhorar a educação e a realidade de conterrâneos quanto Janeide.

 Filha de agricultor alfabetizadora




Janeide Cruz é a décima filha de um agricultor e uma dona de casa da zona rural de Caraúbas, cidade a 305 km de Natal (RN). O sítio da família só recebeu energia elétrica na década de 1970. Mesmo com algumas limitações, Janeide e seus 9 irmãos sempre tiveram a educação como prioridade. Hoje, ela é uma das responsáveis pelo Ensino de Jovens e Adultos do Estado do Rio Grande do Norte. Janeide coordena as ações do Estado no programa federal Brasil Alfabetizado e faz parte do comitê criador do Ano Paulo Freire de Educação no Rio Grande do Norte, o principal projeto de Educação de Jovens e Adultos do Rio Grande do Norte lançado esse ano.

Ela nasceu em 1963, o mesmo ano de início do projeto que ficou conhecido como "As 40 horas de Angicos" e que tornou a metodologia de Paulo Freire nacional e internacionalmente conhecida. Cinco anos depois desse importante projeto e a 370 km da cidade de Angicos (RN), Janeide era alfabetizada precocemente no sítio por duas irmãs que eram professoras e tinha as primeiras aulas de matemática com o pai. "Meu pai foi um agricultor, mas sabia ler e era muito respeitado na cidade por isso. Ele e minha mãe sempre deram muito valor à educação e ao conhecimento. Toda noite a família se reunia em volta do rádio para ouvir A Hora do Brasil", conta a filha de Seu João da Cruz, que nunca frequentou a escola e foi alfabetizado por uma tia em casa. Todo final de dia, ele colocava Janeide em cima da cerca para contar os carneiros do sitio e dizer ao pai se estava faltando algum animal.

"Só descobri que meu pai era um excelente professor de matemática quando estava estudando Metodologia da Matemática no Magistério", diz. Foi também no magistério que se descobriu uma apaixonada por educação. Sempre uma das melhores da turma, tornou-se professora substituta na mesma escola que estudou. Depois, mudou-se para Apodi, a 340km de Natal, como professora concursada e foi promovida à diretora. Como as três filhas foram mudando aos poucos para fazer universidade em Natal, ela conseguiu transferência no emprego. Pouco tempo depois, foi convidada para coordenar as ações do Estado no Programa Brasil Alfabetizado.

Para ler a matéria na íntegra, acesse: /www.escolasdobrasil.blog.br

2 comentários:

  1. Que linda história de minha mana caçula, como gosto de chamá-la. Ela não é só isso. É uma guerreira que tem muita determinação, coragem e é uma pessoa muito especial para nossa família. Aproveitando o "Dia das Mães" que se aproxima, quero homenagear minha mana querida que tem demonstrado um "amor incondicional" pelas filhas, os grandes presentes que ganhou da vida. Amo-a muito

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  2. É verdade, Juscileide. Ela é mesmo uma guerreira. Exemplo de profissional, de mãe e de ser humano.

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