Professorinha com muito orgulho!

A minha história com o magistério sempre foi recheada de fatos muito peculiares e interessantes. Podemos inclusive afirmar que eu não escolhi a educação, mas a educação me escolheu. Vejamos por quê.

Ao concluir o Ensino Médio, eu não tinha dúvidas de que curso acadêmico queria fazer. Sempre tivera o sonho de ser jornalista. Entretanto uma garota de família pobre, morando em uma pequena cidade do interior, onde sequer faculdade existia, cursar jornalismo era praticamente impossível. Ainda mais que a faculdade de jornalismo mais próxima ficava na capital do estado. Diante da dura e real impossibilidade, busquei, dentre as opções a que tinha acesso, o curso com o qual melhor me identificava e o de Letras foi o escolhido. Naquela ocasião, tinha absoluta certeza de que não seria professora, mas a idéia de se deleitar com muita literatura me seduzia. Fiz então o meu primeiro vestibular e fui aprovada.

A vida é mesmo surpreendente e, logo que entrei na faculdade, recebi um convite para lecionar em uma escola particular de minha pequena cidade (Escola Luz Pequeno Príncipe). Indicada à direção daquela escola por uma ex-professora do ensino médio (Cecy Fernandes), a escola não teve dúvidas e logo me convidou. Embora não me sentisse nada atraída pelo trabalho docente, a necessidade financeira não me permitia recusas. Assim ingressei nesse ofício que viria a ser depois, muito mais que uma profissão, seria minha vida, minha grande paixão.

Aos poucos a atividade docente foi me conquistando. Sem que percebesse, fui me apaixonando pela educação e o meio de sobrevivência foi se transformando em um prazeroso desafio. A faculdade de Letras complementava o meu trabalho e me instigava a buscar cada vez mais conhecimentos e metodologias para oferecer aos meus alunos uma melhor aprendizagem.

No ano de 1999, ao concluir a graduação, eu já não conseguia esconder o quanto me encontrava enamorada pela educação e de que aquela era a profissão que queria para mim. Podendo já naquela oportunidade tentar ingresso em outras áreas, não tive dúvidas e fiz concursos públicos para professora (do município e do estado), nos quais graças a Deus obtive êxito, ficando entre as primeiras colocações. Passei então a trabalhar em duas escolas públicas como Professora de Língua Portuguesa.

A minha forma um tanto inovadora de ensinar e o meu jeito comunicativo e amigo sempre me ajudaram no relacionamento com meus colegas e alunos, já que sempre procuro ser muito mais que uma professora, uma amiga.


Apesar do meu casamento com a educação, minha atração pelo campo jornalístico não acabou. Continuo uma apaixonada inveterada pelo jornalismo, pela mídia e pela comunicação, e nas minhas horas vagas aprecio tudo isso sem moderação. No meu trabalho em sala de aula, sempre busco proporcionar aos meus alunos, além do contato com o texto literário, o acesso aos textos jornalísticos e publicitários. Nas escolas onde já lecionei também já criei, juntamente com seus alunos, alguns jornais e rádios escolares.

Com o surgimento das novas tecnologias, veio então a idéia de criar um blog. Assim nasceu o Diário de uma Professorinha (atualmente Blog da Professorinha), espaço no qual diariamente publico notícias, artigos e comentários sobre as mais diversas temáticas. Apresento também dicas literárias, gramaticais e ainda procuro oferecer aos meus alunos atividades complementares (jogos, resumos, exercícios, etc.).


O blog foi um reflexo da minha prática pedagógica uma vez que acredito que é preciso ampliar o espaço educacional além dos muros da escola. Defendo sempre que a sala de aula não é o único espaço onde o aluno pode aprender. Ele pode e precisa aprender com a vivência, conhecendo, experimentando e praticando.

Sempre fui uma amante das letras. Sou uma leitora voraz dos mais variados gêneros textuais. Leio desde revistas em quadrinhos até bula de remédio com o prazer e a ânsia de quem quer e precisa aprender sempre mais. E como toda professora que se preza, quero ver em seus pupilos esse mesmo prazer no ato de ler. Mas eu s ei que o gosto pela leitura não se ensina, se desperta. Foi então que veio a idéia de criar um grupo de leitura, onde os estudantes pudessem se reunir para, de forma livre e prazerosa, ler e estudar literatura. Nascia aí a Academia Estudantil de Letras Poeta Antônio Francisco.

Em maio de 2008, comecei a recrutar, na Escola Municipal Prof.ª Lourdes Mota, alguns alunos para fazer parte desse grupo. Com a ajuda da Professora Sueli Gonçalves, de São Paulo, que coordena grupos semelhantes em sua cidade e com o apoio da direção e dos professores da Escola Lourdes Mota, fui aos poucos montando a primeira Academia Estudantil de Letras (AEL) do Rio Grande do Norte.

A criação da AEL mudou a rotina da referida escola e, para minha surpresa, passou a ser um exemplo referenciado até nacionalmente. O projeto já foi tema de matérias publicadas na área pedagógica e do ensino, em diversos veículos de comunicação de âmbito nacional, como a Revista Agitação, do Centro de Integração Empresa-Escola, a Revista Língua Portuguesa, o jornal Folha de São Paulo e o site Uol, e ainda em jornais potiguares, como O Mossoroense, Gazeta do Oeste e Jornal De Fato.

O mais importante, no entanto, são os benefícios e os resultados já trazidos com essa iniciativa. Sabemos que os resultados de trabalhos como esse ocorrem em longo prazo, mas desde que o grupo começou a se reunir, percebeu-se que o interesse pela leitura e literatura vem crescendo nos alunos envolvidos no projeto. Isso sem falar na produção literária dos acadêmicos, o que já gerou a conquista da publicação que, espero, deverá ocorrer em breve, do primeiro livro da jovem acadêmica Marina Viana.


Hoje, apesar da falta de apoio e reconhecimento, me assumo extremamente feliz e realizada por fazer algo que é de uma importância vital para o amadurecimento da sociedade e a difusão da cultura e, que acima de tudo, me faz crescer cada dia mais como ser humano. Mesmo vivendo num país onde a educação não é devidamente valorizada, tenho muito orgulho de ser professora.