terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Para que se preocupar?



Aluno diz cada uma...


Frase do Dia



‎"Amo o verbo, mas o que me guia é o gesto."

(Carlos Santos)


Quem canta seus males espanta...



Se alguém disser pra você não cantar
Deixar seu sonho ali pro um outra hora
Que a segurança exige medo
Que quem tem medo Deus adora

Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora
Que você volte pro rebanho.
Não acredite, grite, sem demora...

Eu quero ser feliz Agora (2x)

Se alguém vier com papo perigoso de dizer que é preciso paciência pra viver.
Que andando ali quieto
Comportado, limitado
Só coitado, você não vai se perder
Que manso imitando uma boiada, você vai boca fechada pro curral sem merecer
Que Deus só manda ajuda a quem se ferre, e quando o guarda-chuva emperra certamente vai chover.
Se joga na primeira ousadia, que tá pra nascer o dia do futuro que te adora.
E bota o microfone na lapela, olha pra vida e diz pra ela...

Eu quero ser feliz agora (2x)

Se alguém disser pra você não cantar
Deixar seu sonho ali pro um outra hora
Que a segurança exige medo
E que quem tem medo deus adora

Se alguém disser pra você não dançar
Que nessa festa você tá de fora, que volte pro rebanho.

Não acredite, grite, sem demora...

Eu quero ser feliz Agora (3x)

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Como ler um artigo acadêmico

Saiba como agir diante de um artigo acadêmico. Não importa se você é especialista em algum campo ou simplesmente um estudante querendo aprender; há dicas para todos.




Para fazer algum trabalho, é normal ter que ler textos acadêmicos. Dependendo da matéria, você inclusive terá que fazer um - mesmo sendo um estudante. Como textos acadêmicos não são como livros de literatura ou matérias jornalísticas, por exemplo, eles requerem outras técnicas de leitura. Será que você as conhece?


Confira a seguir cinco dicas de como ler um artigo acadêmico:

  • Como ler um artigo acadêmico - Resumo
    Se você estiver interessado pelo título do artigo, comece a ler o resumo do texto. Desta forma, você saberá do que se falará ao longo do artigo e isso pode poupar seu tempo se o que você estiver procurando não for o que você buscava.
  • Como ler um artigo acadêmico - Começo e fim
    Leia a introdução e a conclusão do artigo acadêmico. Se você tiver entendido, ótimo! Você não precisará ler o meio. Na introdução, normalmente, apresenta-se um problema. Ou seja, algo que o autor vai "resolver". A conclusão é o lugar onde se apresenta o problema resolvido.
  • Como ler um artigo acadêmico - Desenvolvimento
    Mesmo que você já tenha entendido como o problema foi resolvido, leia por cima o desenvolvimento. Desta forma, você sentirá o ritmo do texto e terá noção dos caminhos que o autor usou para chegar a tal conclusão.
  • Como ler um artigo acadêmico - Mais detalhes
    Esta dica é por sua conta. Se você estiver satisfeito com as informações que adquiriu, pare e vá fazer seu trabalho. Se não, escolha alguma parte que você gostaria de entender melhor, com mais detalhes e leia. Sinta-se livre para pular partes e só ler o que interessa.
  • Como ler um artigo acadêmico - Entendimento profundo
    Se você já leu o resumo, a introdução e a conclusão e percebeu que é um artigo que tem tudo a ver com o que você necessita, é necessário ter um entendimento profundo sobre ele. Por isso, é aconselhável que você o leia do começo ao fim. Se ainda faltar mais informações, busque nas referências algo que possa ajudar.




DEPENDE DA POSIÇÃO...

Segundo estudos recentes, de pé, fortalece a coluna; 

De cabeça para baixo estimula a circulação do sangue; 

De barriga para cima é mais prazeroso; 

Sozinho, é estimulante, mas egoísta; 

Em grupo, pode até ser divertido; 

No banho pode ser arriscado; 

No automóvel, é muito perigoso...

Com frequência, desenvolve a imaginação; 

Entre duas pessoas, enriquece o conhecimento; 

De joelhos, o resultado pode ser doloroso... 

Enfim, sobre a mesa ou no escritório, antes de comer ou na sobremesa, sobre a cama ou na rede, nus ou vestidos, sobre o sofá ou no tapete, com música ou em silêncio, entre lençóis ou no closet:, sempre é um ato de amor e de enriquecimento, não importa a idade, nem a raça, nem a crença, nem o sexo, nem a posição socioeconômica... 

...Ler é sempre um prazer! 




DEFINITIVAMENTE, LER LEVA VOCÊ A EXERCITAR A IMAGINACÃO. E VOCÊ ACABOU DE COMPROVAR ISSO.

(Autor desconhecido)

Governo federal anuncia a contratação de 3 mil professores


(Crédito: Yuri Arcurs /shutterstock.com)
(Crédito: Yuri Arcurs /shutterstock.com)
Os ministérios do Planejamento e da Educação publicaram no "Diário Oficial da União" uma portaria interministerial determinando a contratação de 3.059 professores universitários para o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Parte dos profissionais será incorporada às instituições a partir de março, e o restante em abril deste ano.

De acordo com a portaria, assinada pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e pelo novo ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o contrato entre o governo e os professores terá duração de seis meses e poderá ser prorrogado por mais seis.

Entre março e agosto de 2012 serão contratados 900 professores com carga horária de 40 horas semanais, e 900 com carga horária de 20 horas semanais. A partir de abril até setembro deste ano outros 629 profissionais trabalharão nas universidades federais com carga horária de 40 horas semanais, e 630 contratados no regime de 20 horas semanais.

A contratação dos docentes será feita por meio de processo seletivo simplificado, modelo usado para vagas temporárias com duração determinada. De acordo com o documento, poderão ser contratados profissionais previamente selecionados em processo seletivo simplificado realizado anteriormente, exceto quando selecionados exclusivamente por análise curricular.

Ainda segundo a portaria, caberá ao MEC distribuir os professores de acordo com as demandas das 59 universidades federais.




Fonte: Universia Brasil

Serpro libera cursos a distância gratuitos


O Serviço Federal de Processamento de Dados (SERPRO) anunciou nesta quinta-feira, 03/11/11, o licenciamento em Creative Commons de alguns de seus recursos. São quatorze cursos completos sobre temas variados, desde “Ética na Escola Pública” até Ubuntu e “Usando o Mozilla Firefox”. O conteúdo foi desenvolvido pela Universidade Corporativa do Serpro e está disponível para download em www.serpro.gov.br/inclusao/conteudos-educacionais-livres (requer a plataforma Moodle: moodle.org/downloads/). Todo o material adota a licença “Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0″ do Creative Commons. O intuito é prover acesso fácil a recursos educacionais para a população.

Leia a notícia no Portal do SERPRO.

domingo, 29 de janeiro de 2012

O piso, a intenção e o gesto

Por: Luiz Araújo (*)


Novo Ministro da Educação Aloísio Mercadante


Nesta semana assumiu o cargo de Ministro da Educação o ex-senador Aloísio Mercadante. Em seu discurso de posse, pelo menos é o que o portal do MEC destaca, ele se comprometeu em priorizar a efetivação do piso salarial nacional do magistério.

O release da imprensa do Ministério afirma que ele assumiu “o compromisso de iniciar um diálogo com governadores e prefeitos, para que o piso salarial da categoria se torne realidade em todo o território nacional. Com essa iniciativa, ele pretende melhorar não só a remuneração, mas também as condições de trabalho e da carreira docente”.

Fico feliz com o destaque que a questão teve no primeiro pronunciamento do novo ministro, mas entre a intenção e o gesto sempre existe uma distância.

Para contribuir com o novo ministro, que no momento deve estar consumindo seu tempo na realocação da equipe, tirando uns, colocando outros cargos comissionados, resumo as dificuldades e os desafios que precisam ser enfrentados para que ele cumpra a palavra que empenhou no referido pronunciamento.

1°. Quem paga o piso não é o MEC, mas sim os governadores e prefeitos. Porém, apesar de não explícito na Lei n° 11738/08, considero que cabe ao MEC formalizar todos os anos o valor do piso. Então, a primeira providência é informar oficialmente aos gestores e aos trabalhadores qual é o novo valor do piso salarial para 2012;

2°. Tramita no Congresso Nacional projeto de lei que altera a forma de correção. As coisas caminhavam para a aprovação de substitutivo oriundo do Senado quando o dedo do governo emperrou a trajetória, tudo isso para diminuir o valor da correção anual do valor do piso. Seria bom que o ministro dissesse sua opinião sobre isso, ou seja, ele vai apoiar reajustes reais (acima da inflação) ou vai “mover os pauzinhos” para aprovação de um formato de correção restrita a inflação. Com isso saberemos se sua intenção corresponde aos seus gestos;

3°. Nos últimos três anos o governo, por força legal, reservou 10% do montante destinado a complementação do FUNDEB para auxílio financeiro aos estados e municípios que provarem que não podem pagar o piso salarial. Apesar de termos inúmeros estados e municípios que não cumprem a lei federal do piso, nenhum ente federado recebeu um centavo sequer para esta finalidade. Em 2011, pelo que se fala (não há transparência sobre isso!) que três dezenas de pedidos foram formalizadas, mas nenhum atendido. É necessário:

a. Constituir urgentemente o grupo técnico de análise das solicitações. Este grupo deve ter a participação da CNTE, UNDIME, CONSED e FNDE;

b. Rever a legislação federal para garantir que estados e municípios que não são contemplados pela ajuda financeira da União no FUNDEB também possam disputar tais recursos. Tem Projeto de Lei tramitando no Senado sobre o tema, basta o ex-senador falar com a liderança do governo que o mesmo começará a tramitar com mais celeridade;

c. Ter mais recursos para este fim, pois apenas um milhão de reais certamente não serão suficientes para viabilizar “o pacto pela educação” que o ministro falou em seu pronunciamento.

4°. Continua a lenta e custosa tramitação do Plano Nacional de Educação na Câmara dos Deputados. A intenção de valorizar o magistério está expressa em várias metas, especialmente na de número 17 (comentei anteriormente aqui no blog o seu conteúdo). O cumprimento desta e de outras metas só será possível com a alocação de mais recursos para o setor. Não é possível que, por via transversa, o governo apóie a manobra do relator que, tentando iludir seus pares e a opinião pública, manteve o mesmo percentual proposto em dezembro de 2010 (7% do PIB) e que foi demonstrado por todos os especialistas e pela sociedade civil que não é suficiente para viabilizar o PNE.

Ou seja, para fazer um pacto é necessário que o governo federal diga o quanto está disposto a ajudar estados e municípios a cumprir o piso salarial nacional.
Com o gesto (e não somente a intenção) o novo Ministro!



(*) Luiz Araújo é professor, mestre em políticas públicas em educação.

Frase do dia


sábado, 28 de janeiro de 2012

Um pouco de poesia

Frase do Dia:


Quem canta seus males espanta...


Resposta ao Tempo
Nana Caymmi



Batidas na porta da frente
É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba
Do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há fôlhas no meu coração
É o tempo


Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei


E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto


E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Pra tentar reviver

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O que fazer, além de indignar-se???!!!

De que adianta ter uma lei de incentivo à leitura literária nas escolas estaduais, se o governo do RN, através da SEEC e Dired, não a cumpre???? Mais uma "lei de enfeite"???

Os profissionais com a graduação exigida na Lei, formados e capacitados para executar os trabalhos de promoção da leitura literária nas bibliotecas e salas de leitura das escolas públicas estaduais do RN estão sendo impedidos de assumirem essa função pedagógica em nome de uma recomendação que diz que somente os readaptados podem ocupar lugar nas bibliotecas, mesmo que estes últimos nunca tenham manifestado interesse e/ou afinidade no trabalho com literatura, nem apresentado projetos na área em questão.

Em nome de uma organização burocrática que, na prática e pedagogicamente falando, não funciona no cotidiano escolar, quem perde nessa história??? 

Os alunos, claro!!! Sempre!!!

Isso é revoltante!!!

Por favor, aqueles que se interessam por uma escola pública de qualidade, leiam o texto da Lei Nº 9.169 de 15 de janeiro de 2009, na íntegra, através do link abaixo, e fiquem à vontade para tecer comentários a respeito.

http://www.gabinetecivil.rn.gov.br/acess/pdf/lo9.169.pdf




Publicado orginalmente por Carla Alves  no Grupo aberto — conselhoescolar@groups.facebook.com





Quem canta seus males espanta...



De Mais Ninguém
Marisa Monte


Se ela me deixou a dor,
É minha só, não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor

Se ela preferiu ficar sozinha,
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou,
A dor é minha,
A dor é de quem tem...

É meu troféu, é o que restou
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor

A sala, o quarto,
A casa está vazia,
A cozinha, o corredor.
Se nos meus braços,
Ela não se aninha,
A dor é minha, a dor.


Se ela me deixou a dor,
É minha só, não é de mais ninguém
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor

Se ela preferiu ficar sozinha,
Ou já tem um outro bem
Se ela me deixou,
A dor é minha,
A dor é de quem tem
mmmh...mmmh...


É o meu lençol, é o cobertor
É o que me aquece sem me dar calor
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor

A sala, o quarto,
A casa está vazia,
A cozinha, o corredor.
Se nos meus braços,
Ela não se aninha,
A dor é minha, a dor.
mmmh mmmh...

PROFESSORAS DESENCANTADAS!




Dois encontros casuais - em um mesmo dia, me inspiraram a escrever o que segue. Atrevo-me a afirmar que não foi simples coincidência. Encontrava-me em um "shopping center" de Natal e, ao me sentar em um banco, ouvi uma conversa que muito me interessou. Resolvi tomar parte no diálogo. Qual não foi a surpresa: eram professoras aposentadas - assim como eu. Reafirmo que não me sinto 'aposentada da vida' ...Luto, ainda , para que mude o sofrível quadro da educação básica pública que aí está!

Uma das professoras foi aluna da primeira turma do Instituto Superior Pres. Kennedy - do qual tive a satisfação de ser uma das suas diretoras. A outra me disse que enquanto estava eu trabalhando na Secretaria de Educação RN, assinara algum ato que dizia respeito a sua vida funcional. Coincidência? . Bem, o que mais me chamou a atenção foi o desencanto que ambas demonstraram ao longo da conversa. O quão difícil é ser professora hoje- afirmavam. E as referências diziam respeito à desvalorização, ao desprestígio de tal profissional - a partir do salário- até a difícil relação estabelecida entre as professoras e os alunos e suas famílias. Destacou-se o valor maior que deveria estar presente em toda a vida e, sobretudo, na educação: o respeito. E como faz falta!

Um tanto triste e pensativa saí deste encontro ocasional e proveitoso mesmo que o assunto seja bem frustrante, porém muito real! Adiante, no mesmo dia, e no mesmo local, deparo-me com uma ex-aluna e professora que abordava, também, as frustrações e o desencanto com a profissão. Curioso é que no primeiro momento não me lembrava do seu nome. Após os primeiros diálogos, ela escreveu o seu e-mail quando reconheci uma letra muito especial - bem desenhada e bonita mesmo. Quando perguntei se diante daquela letra tinha outras habilidades ela me disse que pinta, borda, faz muitos outros trabalhos de natureza artesanal e deu a entender que, por ai, encontra compensações diante da condição de docente aposentada e desencantada!

O preocupante quadroque ai está suscita questões: quem quer ser professora nos dias de hoje? Que atrativos existem para se escolher tal profissão? Se a educação escolar básica está na "berlinda", não dá para esquecer a situação do profissional da educação. Vamos continuar "dormindo" diante de uma problemática grave quanto esta? De que vale ser a "6ª economia do Planeta Terra" se dispomos de um precário sistema educacional? Isso não vai se sustentar. Importa atentar para a precária qualidade de vida de uma significativa parcela dos brasileiros. A quem compete alterar tal quadro? Sem educação não há saída. Para tal, é indispensável termos professoras comprometidas, competentes, éticas e felizes . E, por enquanto, não é isso que temos!

O desencanto dos profissionais da educação tem um significado. O Brasil dispõe de uma precária educação- sobretudo a básica - compatível ao valor - em muitos sentidos - que é atribuído aos profissionais responsáveis pela missão de educar! O país não tem o direito de cobrar uma melhor educação enquanto tratar o principal profissional de um sistema educacional, tal como vem fazendo ao longo da nossa história . Reafirmo que está tudo muito compatível e coerente... Os depoimentos espontâneos das professoras aposentadas - e desencantadas-são uma evidência- mais do que evidente- da precária realidade do nosso sistema educacional. Imagine-se o desempenho -no dia a dia- de um profissional desencantado! 

É preciso mudar e isso não se dá tão depressa. A caminhada é longa: torna-se indispensável dar os primeiros passos antes que seja tarde demais. O desejo é , no futuro, encontrarmos professoras aposentadas e encantadas!

NB - Como a imensa maioria dos docentes é mulher, utilizo-me da palavra PROFESSORA!





* Eleika Bezerra Guerreiro, Professora, escreve a convite do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), que colabora às sextas feiras no Diário de Natal - Artigo Publicado na edição de hoje, 20/01/2012.

Soneto da separação - Chico Buarque




SONETO DE SEPARAÇÃO


De repente da calma fez-se o vento,

Que nos olhos desfez a última chama.

E da paixão fez-se o pressentimento,

E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente,

Fez-se do triste o que se fez amante,

E de sozinho o que se fez contente,

Fez-se do amigo próximo, o distante,

Fez-se da vida, uma aventura errante.

De repente, não mais que de repente...



(Vinicius de Moraes)

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Para viver um grande amor



"Para viver um grande amor, preciso é muita concentração e muito siso, muita seriedade e pouco riso - para viver um grande amor. 

Para viver um grande amor, mister é ser um homem de uma só mulher; pois ser de muitas, poxa! é de colher, não tem nenhum valor. 

Para viver um grande amor, primeiro é preciso sagrar-se cavalheiro e ser de sua dama por inteiro - seja lá como for. Há que fazer do corpo uma morada onde clausure-se a mulher amada e postar-se de fora com uma espada, para viver um grande amor. 

Para viver um grande amor, vos digo, é preciso atenção como o "velho amigo", que porque é só vos quer sempre consigo para iludir o grande amor. É preciso muitíssimo cuidado com quem quer que não esteja apaixonado, pois quem não está, está sempre preparado pra chatear o grande amor. 

Para viver um amor, na realidade, há que compenetrar-se da verdade de que não existe amor sem fidelidade - para viver um grande amor. Pois quem trai o seu amor por vanidade é um desconhecedor da liberdade, dessa imensa, indizível liberdade que traz um só amor. 

Para viver um grande amor, il faut além de fiel, ser bem conhecedor de arte culinária e de judô- para viver um grande amor. 

Para viver um grande amor perfeito, não basta ser apenas bom sujeito; é preciso também ter muito peito - peito de remador. É preciso olhar sempre a bem-amada como a sua primeira namorada e sua viúva também, amortalhada no seu finado amor. 

É muito necessário ter em vista um crédito de rosas no florista - muito mais, muito mais que na modista! - para aprazer ao grande amor. Pois do que o grande amor quer saber mesmo, é de amor, é de amor, de amor a esmo; depois, um tutuzinho com torresmo conta ponto a favor... 

Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, estrogonofes - comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor? 

Para viver um grande amor é muito, muito importante viver sempre junto e até ser, se possível, um só defunto- pra não morrer de dor. 

É preciso um cuidado permanente não só com o corpo mas também com a mente, pois qualquer "baixo" seu, a amada sente - e esfria um pouco o amor. 

Há que ser bem cortês sem cortesia; doce e conciliador sem covardia; saber ganhar dinheiro com poesia - para viver um grande amor. 

É preciso saber tomar uísque (com o mau bebedor nunca se arrisque!) e ser impermeável ao diz-que-diz-que - que não quer nada com o amor. 

Mas tudo isso não adianta nada, se nesta selva obscura e desvairada não se souber achar a bem-amada - para viver um grande amor."





(Vinícius de Moraes)

Cinco Coisas




‎"Quando um dia eu for embora
Quando então me despedir
Pedirei apenas silêncio
E mais cinco coisas
Minhas cinco verdades perfeitas
Cinco coisas e nada mais.

A primeira é o amor sem fim
Amor pelas pessoas
Pelas árvores pelas flores
Amor pelos animais.

A segunda é rever o outono
Com suas folhas sopradas
Sobre a terra à qual voltaremos.

A terceira é o inverno rigoroso
A chuva que amei, o calor do fogo
A aquecer nossas noites eternas.

Em quarto lugar, o verão ardente
Redonda fruta vermelha
Pairando sobre o meu paladar.

A última coisa que eu peço
São teus olhos, meu amor,
Não quero dormir sem os olhos teus
Não posso viver sem o teu olhar
Eu trocaria o sol da primavera
Para que continuasses me olhando.

Isso, enfim, o que mais quero
É quase nada e quase tudo."

Pablo Neruda - “Cinco Coisas”

30 anos sem Elis...





"Agora o braço não é mais o braço erguido num grito de gol.


Agora o braço é uma linha, um traço, um rastro espelhado e brilhante. E todas as figuras são assim: desenhos de luz, agrupamentos de pontos, de partículas, um quadro de impulsos, um processamento de sinais. E assim – dizem – recontam a vida.

Agora retiram de mim a cobertura da carne, escorrem todo o sangue, afinam os ossos em fios luminosos e aí estou, pelo salão, pelas casas, pelas cidades, parecida comigo. Um rascunho. Um forma nebulosa, feita de luz e sombra. Como uma estrela.

Agora eu sou uma estrela!”

Elis Regina

JESSIER QUIRINO - O BARBEIRO

Frase do Dia


Ensino Fundamental em tempo integral?



O poder público poderá ser obrigado a oferecer ensino fundamental em tempo integral. Pronta para ser votada em Plenário, essa proposta (PEC 94/03) muda dois artigos da Constituição e o Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, para que a mudança ocorra de forma gradual.
Autor do texto, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) o defende com o argumento de que as medidas sociais mais eficientes contra a criminalidade são a distribuição de renda e a educação. Ele considera urgente instalar-se no país a escola em tempo integral, providência que, em sua opinião, reúne “todas as qualidades das melhores iniciativas contra o analfabetismo, a miséria, a violência e a chaga do milênio, as drogas”.
Tramitando há nove anos no Senado, a proposta passou duas vezes pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Casa. Ali, foi reconhecido que a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), objeto da Emenda Constitucional 53/06, veio incentivar a implantação do ensino em tempo integral, embora sem contemplar adequadamente a cobertura dessa despesa.
O texto aprovado pela CCJ prevê a implantação gradual do ensino integral até 2022, com o aumento gradativo da carga horário dos alunos e a expansão das turmas e escolas atendidas.
No Plenário, o texto ainda passará por dois turnos de votação, antes de seguir para a Câmara. Se for aprovado como está, o artigo 159 da Constituição será mudado para que do produto da arrecadação dos impostos sobre renda (IR) e sobre produtos industrializados (IPI) saiam 1% para aplicação exclusiva em programas municipais de apoio à manutenção do ensino obrigatório em período integral.
Será modificado também o artigo 208, o qual determinará que o ensino fundamental obrigatório além de gratuito, será ministrado em período integral, assegurada, inclusive, sua oferta para todos que a ele não tiveram acesso na idade conveniente.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Quem canta seus males espanta...



Eu sei
Tudo pode acontecer
Eu sei
Nosso amor não vai morrer
Vou pedir aos céus
Você aqui comigo
Vou jogar no mar
Flores prá te encontrar...

Não sei...
Por que você disse adeus
Guardei!
O beijo que você me deu
Vou pedir aos céus
Você aqui comigo
Vou jogar no mar
Flores para te encontrar...

Hey, Yei...
You say good-bye
And I say hello
You say good-bye
And I say hello
Oh! Oh! Uh!
Yeah! Yeah! Yeah! Yeah!
Hey! Yeah! Yeah! Yeah!
Yeah! Yeah! Yeah! Yeah!...

Não sei
Por que você disse adeus
Não sei
Guardei
O beijo que você me deu
Vou pedir aos céus
Você aqui comigo
Vou jogar no mar
Flores prá te encontrar...

Yeah! Yeah!
You say good bye
And I say hello
You say good bye
And I say hello
Oh! Oh! Oh! Oh!
Yeah! Yeah! Yeah! Yeah!
Yeah! Yeah! Yeah! Yeah!
Yeah! Yeah! Yeah! Yeah!
Uh! Uh! Uh! Uh!...

Preparado(a) para a volta às aulas?


terça-feira, 17 de janeiro de 2012

A Maior Flor do Mundo - José Saramago




E se as histórias para crianças passassem a ser de leitura obrigatória para os adultos?

Seriam eles capazes de aprender realmente o que há tanto tempo têm andado a ensinar?

(José Saramago)

Quem canta seus males espanta...




Quando você me deixou, meu bem,
Me disse pra ser feliz e passar bem.
Quis morrer de ciúme, quase enlouqueci,
Mas depois, como era de costume, obedeci.
Quando você me quiser rever
Já vai me encontrar refeita, pode crer.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você faz
Ao sentir que sem você eu passo bem demais
E que venho até remoçando,
Me pego cantando, sem mais, nem por quê.
Tantas águas rolaram,
Quantos homens me amaram
Bem mais e melhor que você.
Quando talvez precisar de mim,
Cê sabe que a casa é sempre sua, venha sim.
Olhos nos olhos,
Quero ver o que você diz.
Quero ver como suporta me ver tão feliz.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Ano 2020: A extinção dos professores

A EXTINÇÃO DOS PROFESSORES



O ano é 2.020 D.C. - ou seja, daqui a nove anos - e uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação: 

- Vovô, por que o mundo está acabando? 

A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta: 

- Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo. 

- Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor? 

O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar. 

- Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios? 

- Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos. 

- E como foi que eles desapareceram, vovô? 

- Ah, foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa. 

Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer "eu estou pagando e você tem que me ensinar", ou "para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você" ou ainda "meu pai me dá mais de mesada do que você ganha". Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas. Para isso, muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo "gerenciar a relação com o aluno". O professores eram vítimas da violência - física, verbal e moral - que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo. 

Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. "Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular", diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular. Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério. 

Em seguida, os professores foram desmoralizados.Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas "bem sucedidas" eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, artistas de novelas da televisão - enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.


ATENÇÃO: Qualquer semelhança com a situação deste País ultrajado e saqueado por políticos quadrilheiros e mafiosos, não é mera coincidência.


* Autor desconhecido

* Enviado por Joseane Rezende.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Coisas de escola pública

Por Cláudia Santa Rosa





A cada ano letivo trabalho para que as coisas aconteçam diferentes pelo menos numa instituição de ensino da rede estatal. Entre erros e acertos, confesso que não tem sido fácil contrapor a cultura que teima em apequenar a escola pública, impondo aos alunos infraestrutura e processos de ensino e aprendizagem que os inferiorizam.

Não seria menos grave se os problemas que comprometem a qualidade social da escola pública ocorressem apenas na unidade onde eu trabalho. Infelizmente alguns parecem crônicos e, em maior ou menor intensidade, estão espalhados pelos quatro cantos dos municípios e estados brasileiros. Fosse esse quadro tão diferente, os indicadores não atestariam o insucesso da nossa educação.

Um conjunto de trapalhadas e desacertos históricos da gestão pública contribui para uma espécie de código – não escrito – que, excetuando-se as federais, distingue as escolas estatais daquelas da rede privada ou as escolas que funcionam mal daquelas que funcionam com regularidade. Não é raro se ouvir referências pejorativas, do tipo: “isso é coisa de escola pública.” De fato, nas últimas décadas, tornaram-se coisas de escola pública:

a) os resultados pífios da maioria, quando são divulgados exames e índices oficiais que revelam o baixo desempenho dos alunos em relação às aprendizagens;

b) a definição dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental sem considerar as competências e habilidades na condução do processo de alfabetização e letramento;

c) a falta de gestão do seu próprio orçamento, diferente de como ocorre nas escolas particulares. Cada unidade deveria receber os recursos do investimento público por aluno e executá-los de acordo com o seu projeto;

d) a ingerência administrativa e pedagógica de órgãos intermediários e central, que executam programas e projetos, em detrimento da gestão autônoma da escola, do seu projeto pedagógico e do protagonismo da sua equipe;

e) a escolha técnica do gestor da escola, que deveria se dar mediante concurso público, ceder lugar à escolha pelo voto da comunidade escolar, bastando ser professor ou especialista do quadro da escola, como se esse critério fosse determinante para garantir a gestão democrática;

f) a realização de concursos públicos de contratação aleatória de professores e outros profissionais, sem estabelecer vagas por escolas e sem a inclusão de etapa final a ser conduzida por cada unidade, contemplando entrevista, checagem de referências e prova prática;

g) a presença e permanência de “profissional” que adoece para a escola pública, enquanto “vende saúde” para a instituição particular, o mesmo que escolhe o horário de trabalho na escola pública para realizar todo tipo de demanda pessoal ou profissional de outros vínculos, que alinhava processos, subtrai os direitos dos alunos e gera dificuldades ao funcionamento regular da escola, sem nenhuma cerimônia e observação à ética profissional;

h) os gestores públicos se inspirarem na média salarial dos professores das escolas particulares, diante dos vencimentos aviltantes que afastam os mais talentosos do ingresso no magistério público;

i) a constante luta dos professores por um plano de carreira decente, que os valorize enquanto profissionais e ofereça as condições dignas para seguirem no magistério;

j) a ausência de planejamento e/ou perenidade de uma burocracia grotesca que impede reformas e serviços de manutenção das instalações físicas dos prédios no período de férias e recesso escolar;

k) a ausência e/ou falta de manutenção/atualização da tecnologia, dos equipamentos e mobiliários fundamentais para a escola cumprir a sua função social;

l) o início do ano letivo ocorrer somente no mês de março e acabar depois do Natal, isso quando a falta de diálogo entre professores e governo não retarda mais ainda;

m) a imposição de um calendário escolar padronizado para todas as escolas de um mesmo município ou estado, desconsiderando as especificidades de cada unidade e a autonomia preconizada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação;

n) a determinação de sábado letivo mensal para todas as escolas, quando é de conhecimento de todos que em muitas instituições esse dia não funciona;

o) a prática de iniciar o ano letivo sem o quadro de servidores completo, permanência dessas carências por semanas, meses e até mesmo por todo ano, além de, por vezes, não ocorrerem substituições quando há vacâncias durante o percurso;

p) a ausência de agenda mensal de reuniões para planejamento e avaliação coletiva dos processos de ensino e aprendizagem e da gestão da escola em geral, bem como para a realização de uma consistente política de formação continuada dos profissionais;

q) os professores e parte dos especialistas trabalharem na escola, pelo menos de forma presencial, somente dois ou três dias para além dos 200 dias letivos/ano, dificultando a possibilidade de outras ações de relevâncias pedagógicas.

Caso houvesse mais espaço é possível que o abecedário fosse insuficiente para aduzir todas as “coisas de escola pública”, dou-me por satisfeita, especialmente se para alguns interessar o debate e, sobretudo, a tarefa coletiva de refazer tal cultura.


* Artigo extraído do  http://anacadengue.com.br 

* Cláudia Santa Rosa, educadora, escreve a convite do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), que colabora com o jornal Diário de Natal às sextas-feiras. Texto publicado na edição de 06 de janeiro de 2012.





E o “Pacto da Educação”?

Por Cláudia Santa Rosa*



A excelente edição de hoje do jornal O Poti destaca entrevista com a gestora da educação estadual do Rio Grande do Norte, professora Betânia Ramalho. Confira no seguinte link: http://bit.ly/ySX2Gl

Considero as AMEAÇAS, diante da possibilidade de uma greve de professores, completamente desnecessárias ou pelo menos fora de hora. Corremos o risco de acirrarem os ânimos da categoria, que ainda sofre com a falta de implementação do Plano de Cargos, Carreira e Vencimentos. As promoções horizontal (por tempo de serviço) e vertical (títulos) continuam paradas. Servidores com título de doutor e mais de 20 anos de serviço prestados ao RN – como é o meu caso – percebem dois e meio salários mínimos. Aviltante!

Urge que se planeje a Educação com quem faz a escola pública do Estado e que se instale o diálogo permanente e respeitoso com os educadores, do modo como é prometido no calor das greves.

A sociedade ainda aguarda a proposta de “Pacto em favor da educação” presente no discurso de campanha da então candidata Rosalba Ciarlini, governadora do estado desde 1º de janeiro de 2010.


* Cláudia Santa Rosa é mestre e doutora em educação, fundadora do Instituto de Desenvolvimento da Educação(IDE), há 21 anos na rede de ensino estadual.

** Mais informações, acesse:  http://www.claudiasantarosa.com

Entrevista com a gestora da educação do RN


"A tolerância com a greve vai ser zero"
Reportagem de Francisco Francerle para o Diário de Natal

Se você tem infraestrutura, merenda, transporte escolar, livro didático de boa qualidade encaminhado pelo governo federal, onde está o problema? É que pode ter tudo isso, mas se não tiver o profissional para cobrir ,não tem nada" Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press

Que balanço faz do seu primeiro ano de gestão?

Foi um primeiro ano de imersão em um mar de problemas, tentando fazer com que eles fossem sendo equacionados com a máquina andando, porque não podemos parar. Temos que continuar andando e consertando, mas a pior maneira de trabalhar é trabalhar por impulso, apagando incêndio e foi isso que fizemos porque tudo foi resultado de um total falta de planejamento em todas as áreas, fruto de um processo de descontinuidade provocado por dez gestores em oito anos. Agora, não podemos criar a falsa expectativa de que em pouco tempo resolveremos todos os problemas. No primeiro ano trabalhamos quase doze horas seguidas e vamos continuar nesse pique, mas prejuízos tão graves não se resolvem com pouco tempo. Afinal, estamos gerenciando uma cidade com uma grande população de 310 mil alunos, 700 escolas, 28 mil professores entre ativos e não ativos, 18 mil ativos. 

Há poucos dias, Consult/Sinduscon divulgaram pesquisa colocando a educação como um dos piores problemas de Natal, pela falta de professores e estrutura física das escolas. Que avaliação você faz?

A educação do estado implica não só no processo de ensino e aprendizagem, mas num conjunto de suportes que muita vezes não se tem condições de gerenciar e manter. A estrutura física, por exemplo, foi um grande fator que gerou reportagens negativas porque os prédios escolares ao longo da história da educação do RN não passaram por um planejamento nem acompanhamento de acordo com a evolução da comunidade, antecipando-se aos problemas. Já a parte pedagógica fala por si só, pois temos os indicadores do Ideb que mostram o Rio Grande do Norte em situação muito desvantajosa em relação ao Nordeste e ao Brasil. Isso é algo que coloca a educação pública em um descrédito forte, à medida que ela não apresenta resultados à sociedade. Olhe o dilema, a população praticamente mantendo o fator social de investimento forte como a educação pública, no entanto com resultados pífios. Onde está a questão, se você tem transporte, infraestrutura, merenda, transporte escolar, livro didático de boa qualidade encaminhado pelo governo federal, onde está também o problema? É que pode ter tudo isso, mas se não tiver o profissional para cobrir não tem nada. Se falta professor falta também planejamento e gerenciamento que nos dê condições de saber as demandas maiores. Todo esse com junto de dificuldades não se processa de um dia para noite, mas isso é a falta de uma política de planejamento, repito.

A contratação de 3.500 profissionais de educação, dentre eles 2.900 professores, vai combater de vez o déficit escolar?

Não, não vai porque existem regiões que procuramos professores de determinadas disciplinas e não encontramos, como é o caso de Alexandria na região da Tromba do Elefante. Nesses casos, teremos um Plano B com aulões e aulas interativas para oportunizar o conhecimento escolar. Eu não sei te dizer, por exemplo, qual o número de professores que solicitarão aposentadoria este ano ou os que vão entrar delicença a gestante ou de saúde. Só em 2011 foram mais de 1.200 aposentadorias entre servidores e professores, que estavam represadas há 10 anos. Estamos autorizando agora as aposentadorias no tempo real. Os novos professores vão ajudar muito a reestruturar a rede e preciamos avançar com o processo de informatização de pessoal. 

O MP está cobrando a regulamentação pela Assembleia Legislativa da Lei do Professor Temporário. Deverá acontecer?

Sim, o professor temporário está assegurado até que venhamos substituí-lo por um professor concursado porque temos que pensar no profissional que tira licença, na professora que engravida e outras situações. Além disso, o resultado do concurso sai dia 28 de fevereiro e o ano letivo começa dia 01 de março, e até a contratação do professor leva um tempo, devendo acontecer até o mês de maio. O aluno não poderá ficar no prejuízo, vamos continuar onde tiver necessidade de professor, atendendo onde tem maior demanda.

Como viu a cobrança da imprensa nesse primeiro ano de gestão?

A imprensa cumpre seu papel mas nem tudo que é noticiado de negativo representa a realidade, nesse conjunto temos escolas com excelentes resultados. Na região metropolitana de Natal temos escolas com excelente gestão pedagógica que fez com que 42% das vagas do último Vestibular da UFRN fossem preenchidas por alunos de escola pública. Uma notícia que trouxe um impacto negativo muito grande, por exemplo, foi a de fechamento pelo Governo do Estado de mais de 300 escolas. 

Essa notícia foi manchete do Diário de Natal e tratavam-se de escolas devidamente registradas e muitas já estavam, inclusive, com a extinção publicada no Diário Oficial do Estado. Qual o foi o problema da matéria, na sua opinião?

A repercussão negativa da manchete diante de um problema que tinha que ser resolvido, pois as pessoas valorizam quando se constroem escola, mas quando se fecha ninguém entende que muitos daqueles estabelecimentos tratavam-se de escolas na zona rural que já estavam praticamente sem alunos e não se justica manter professores ali, tendo outros lugares onde sequer existe estabelecimento nem profissional. 

E com relação a esses 40% de aprovação no vestibular que se refere como de alunos advindos de escolas públicas. Nesse percentual estão incluídos principalmente alunos do IFRN, que são a esmagadora maioria. Qual o percentual das escolas estaduais nesse contexto?

Não temos números exatos. É verdade que o IFRN contribui com boa parcela mas todo esse dado é de aluno de rede pública. O problema não é que o IFRN não possa ser tratado como rede pública, mas que a rede pública estadual e municipal não alcança o verdadeiro objetivo que é promover uma educação pública de qualidade.

Como está se sentindo na educação do Estado tendo que derrubar um gigante de problemas a cada dia? A governdaora está lhe dando apoio para isso?

É um verdadeiro confronto direto, sinto-me a cada dia tendo que derrubar um gigante mesmo. Mas tínhamos consciência desse grande desafio, desde o convite feito pela governadora ao então reitor Ivonildo Rego quefez uma excelente gestão frente à Universidade Federal do Rio Grande do Norte nos 12 anos que foi reitor. Tirou a universidade do anonimato nacional e a colocou numa grande projeção. Mas julgamos a projeção da UFRN incompatível com os resultados da educação básica do nosso estado. O que observamos é que pouco avanço teríamos com uma universidade com tanto protagonismo se a educação básica não prepara a geração para implementar essa universidade. Partindo desse princípio fui convencida a vir em nome da universidade. Além do mais, a governadora teve a feliz decisão de blindar a secretaria e ficar na linha de frente de todos os projetos da educação do estado. Para que a equipe funcione com esse protagonismo da universidade é porque tem uma retaguarda de governo que oportuniza e dá os passos que precisamos dar. Portanto, temos um apoio incondicional não apenas da governadora, mas de todo secretariado.

Na prática, esse apoio do governo tem resultado em quê?

Primeiro lugar, esse apoio me deu poderes para escolherminha equipe e definir as políticas que estão sendo e serão implementadas no decorrer da gestão, dando condições de buscar recursos junto ao Ministério da Educação e ao Banco Mundial. Nós estamos inserindo uma carta proposta junto ao Banco Mundial que o impacto na educação vai ser da ordem de US$ 92 milhões. Isso vai resultar na modernização de todo sistema escolar, informatização das escolas, e reestruturação administrativa da secretaria, reorganizando os processos de gestão para que tenhamos condições de trabalhar e chegar mais perto da escola, além de formação e qualificação dos professores.

Nesse primeiro ano de gestão, o que foi mais difícil de administrar, qual a sua maior dificuldade?

O mais difícil de minha gestão foi o impacto de uma greve desnecessária. Aquela greve de quatro meses foi desnecessária porque a posição do governo era valorizar o professor até onde pudesse ir e chegamos a 34%, garantindo o piso nacional. Foi o único estado que deu 34% em quatro parcelas garantindo o piso a ativos e inativos. Essa foi uma greve política, já anunciada desde o ano anterior, não partiu dos problemas da educação, até porque tinha uma equipe chegando. A greve foi inoportuna, indevida e ocasionou um prejuízo financeiro muito elevado. O próprio transporte escolar teve um grande prejuízo financeiro, da ordem de R$ 1,5 milhão, devido à contratação para a reposição de aulas até fevereiro. Uma reposição muito problemática porque o direito da greve é assegurado ao professor, mas o acompanhamento da reposição precisa ser feito pela secretaria. Também trouxe prejuízos para o os próprios professores que tiveram de refazer o período de recesso. Mas o maior prejuízo é o da imagem da escola pública, que não tem preço. 

Mas os profissionais já anunciaram a possibilidade de outra greve no começo do ano letivo, o que pretende fazer para evitar que isso aconteça? 

Se for por razão de piso não haverá greve porque está assegurado e continuará. A orientação da governadora é de que será honrado o piso. Aprendemos muito com o movimento passado, e tenho certeza que os professores e sindicato pensarão duas vezes na hora de implementar uma nova greve porque agora a tolerância vai ser zero. Desde que o estado se comprometa em garantir os direitos dos professores, porque sem eles não conseguiremos remontar a qualidade da educação do Estado, não haverá motivos para greve. Mas, se por algum motivo vier o movimento, a governadora deverá assumir a linha de frente porque será uma greve sem salários. Vamos mobilizar Ministério Público e todas as instâncias para orientar o governo a conciliar os interesses do sindicato com os interesses da sociedade para ter garantido os direitos do aluno.

Com relação a ônibus escolar, por que muitos alunos do Estado e, especialmente de Natal, têm sofrido tanto com esse problema?

Porque até então faltava planejamento de se construir escolas em áreas mais densas em Natal. Na Zona Norte, os bairros surgiram junto com uma demanda social muito forte. Isso mostra a falta de planejamento de acordo com demandas. No projeto junto ao Banco Mundial planejamos a construção de seis unidades escolares em áreas densas. Mas, independente disso, a secretaria adquiriru 100 ônibus escolares que estão no pátio administrativo e já entregamos 20 aos mais diversos municípios. Em Natal, o transporte escolar atende a mais de 6 mil estudantes.

Que outros projetos anuncia para 2012?

Temos um plano de ações articuladas com o governo federal que prevê a recuperação de prédios e inclusive dos CAICs que são construções do governo federal que foram transferidas para o Governo do Estado. Vamos recuperar agora cinco CAICs num impacto de R$ 8,5 milhões, em Mossoró, Assu, Ceará-Mirim e dois interdidatos. Também já estão assegurados recursos para uma recuperação total do pólo central de escolas do centro de Natal, que são o Atheneu, Churchill e Anísio Teixeira, que são três escolas emblemáticas da capital, responsáveis pela formação das principais lideranças da sociedade e há muto tempo estavam totalmente abandonadas. A ideia da secretaria é recuperar a imagem do Atheneu colocando a escola à luz das demandas da sociedades e do mundo atual com formações que atraiam o aluno e ter uma imagem de excelência. Vamos começar a pensar uma estrutura de consórcio que possa incluir Seec, empresas e universidades para recuperar a antiga imagem do Atheneu.

E sobre o Projeto do Ensino Médio Inovador, como e quando o Estado vai implantar?

Com o Ensino Médio Inovador, que já está sendo viabilizado, a escola sairá da perspectiva de escola regular, propedêutica que pensa em preparar gente para o Vestibular (que não prepara bem) para um currículo mais flexível, mas pensando nas necessidadades de trabalho do aluno, focado em três grandes eixos: ciência, tecnologia e cultura. Com isso precisamos inovar na estrutura curricular para que o aluno se interesse em permanecer na escola porque ele vê naquele currículo um futuro pra ele. Com o Ensino Médio Inovador o aluno agirá no contraturno nos moldes de uma Educação de Tempo Integral, em um turno fica no ensino regular e no outro ele acompanha uma série de componentes curriculares porque todos os estudos mostram que as escolas precisam de um curriculo que quebre um pouco essa escolarização com conteúdo que alcancem esporte, informática, questões culturais e habilidades que lhe preparem para o mundo do trabalho.

E o ensino profissionalizante como está, há escolas que ainda aguardam as reformas previstas pela primeira fase do projeto?

A educação profissional é um grande desafio que vamos aprender a enfrentar. Passamos nove meses indo a Brasília tentando resolver o problema das estruturas físicas dos prédios. Temos editais de escolas profissionalizantes que foram dadas ordens de serviço mas o MEC fez mudanças na contrapartida e nas exigências e tivemos que equacionalizar isso. Estamos implementando a construção das dez. Com isso, também temos as 57 escolas em reformas para o Brasil Profissionalizado, temos o Pronatec que foi lançado em parceria com os IFRNs e com a UFRN por meio de Jundiaí, além de Senai e Senac. A ideia é que seja criada uma Rede Estadual de Educação Técnica e Profissional contando com a parceria dessas instituições que são protagonistas do ensino profissionalizante. 

Com relação ao Governo do Estado, existe dívida com a educação estadual?

Não, o Estado não deve nada à educação, porque se o estado não cumpre com rigor os 25% e outras exigências, fica inadimplente junto aos governo federal. O Estado tem mantido as contrapartidas do transporte escolar, merenda e teremos que avançar agora para retirar os inativos da conta desses 25%, e tem que avançar em relação à UERN, que precisa ter autonomia financeira.

Em meio a todos os problemas, ainda podemos sonhar com uma educação de qualidade na rede pública do Estado?

Sim, temos obrigação de sonhar, é muito investimento da população para resultados tão baixos. Nós temos a responsabilidade social e política de equacionar os problemas da educação para a escola poder dar a contrapartida para o desenvolvimento social. Antes disso ser um sonho, é também responsabilidade não apenas do gestor, mas de toda sociedade. Temos que reverter a lógica de que o que é público é inferior. Preciamos lutar, e só conseguiremos com muito trabalh