quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Pense nisso!


Romance de Quinta




Aventuras do Menino Danta e seu amigo Guerra

  Por William Guerra*



CAPÍTULO XXVIII

         Há alguns dias atrás, mais precisamente dia 25 de dezembro deu-se a inauguração do Alambique Malha Vermelha, que produz cachaça e está vendendo igual a pão, ou até mais.

         Hoje se inaugura sob a presidência do professor João batista Guerra, a Sociedade de São Vicente de Paula, que, também, traz a instalação do primeiro rádio receptor de Verdejante. É um enorme caixão com ponteiros, antena, visor que marca as ondas e que funciona à base de bateria de solução, cuja energia é gerada a partir de um cata-vento sobre o prédio onde está montado o rádio.

         Esta sociedade foi fundada em Paris no dia 23 de abril de 8833, por um grupo de jovens universitários. Também conhecida por Conferências de São Vicente de Paulo ou Conferências Vicentinas, nascida de um movimento de leigos dedicados, com justiça e caridade, a realizar algo em prol dos mais necessitados num verdadeiro dinamismo de tentar aliviar o sofrimento do próximo. Logo se espalhou pelo mundo. E Verdejante vai ganhar a sua hoje, logo mais à tarde colocando-se em funcionamento o rádio receptor de ondas médias.

         Na cidade não se fala de outra coisa. Todos os demais acontecimentos pretéritos, importantes ou não, ficaram para trás, esqauecidos por alguns dias. O negócio agora era a discussão sobre a Sociedade a ser inaugurada, iniciativa do professor João Batista, para regozijo dos seus amigos e simpatizantes, enquanto os da corrente contrária, liderada pelo prefeito Lucas Pinto ficava a debochar e criticar tal inauguração.

         O técnico, vindo da capital do Ceará, com muita destreza, em três dias fez a instalação e já experimentou a estrovenga que estava causando sensação entre a população. O prédio foi pintado e colocado letreiro com o nome da Sociedade. Os livros de atas de fundação estavam em ordem e João Batista conseguiu filiar mais de sessenta associados.

         Para o primeiro dia de funciomaento do rádio, todos tinham – os membros filiados, somente – que comparecerem de paletó e gravata para assistirem a primeira sessão solene de ianauguração, bem como ouvirem o rádio funcionando, algo que não tinham a menor ideia, apesar das explicações detalhadas de João Batista e do técnio em rádio vindo do Ceará.

         Uma verdadeira multidão se aglomerara em volta da sede da Sociedade. Gente de todo o município veio para ter notícias daquele troço que, diziam, falava mesmo e tocava músicas. E os comentários surgiam de toda parte, em cada canto uma conversa a mais com pitadas de ironias, ou elogios que deixavam adversários enraivecidos.

         - Diz que o bicho fala? É uma pessoa que está bem longe?

         - É. Ouvi falar que a voz vem por um fio.

         - Que conversa, a voz é transportadas por ondas!

         - Mas que diaboi de ondas são essas?

         - Onda hertziana!

         Este último que falou, parece ser entendido em alguma coisa, disse o nome certo daquilo que realmente acontece com a transmissão de vozes: onda de rádio, eletromagnética, soltas no ar a uma frequência de 3kHz a 300GHz.

         - Parece que é uma coisa complicada. Diz que somente o presidente da Sociedade, o professor João Batista pode ligar o danado?

         - E desligar também. Pois ninguém entende de sintonização da rádio que pode ser ouvida daqui, de Verdejante.

         - Eu queria está lá dentro, mode ouvir essa tal de voz vinda do além!

         - Que do além, que nada! É um locutor falando noutra cidade e que o rádio vai pegar aqui.

         - É, mas só pode entrar para assistir quem for sócio, e ainda por cima vestido de paletó e gravata.

         E assim as conversas se multiplicavam em cada canto da cidade. Especialmente diante do prédio ali entre a rua São João batista e a rua que dava para o alto, futura rua Governador Dix Sept Rosado.

         O sol castigava, mas ninguém arredava pé. Seja lá como for, teriam que ver alguma coisa, nem que fosse pelas janelas ou por alguma brecha na porta de entrtada. Cada qual tentava pegar um lugar. Havia os que ficavam de longe, na ponta dos pés, querendo captar alguma coisa que se passasse lá dentro do prédio. E a movimentação ali era intensa. O presidente chegara juntamente com toda a diretoria. Cadeiras foram colocadas para os associoados e convidados especiais. E na primeira fila sentaram os homens mais importantes do lugar, mais padre Benedito Basílio Alves, delegado Luiz Marchante e, como a Sociedade era apolítica, lá estava um adversário poderoso, o prefeito Lucas Pinto e seu irmão Coronel Chico Pinto.

         Havia porém, um jovem rapaz, por nome de Manoel Canuto, filho de alto comerciante de Verdejante, espécie de banqueiro, pois era quem emprestava dinheiro a quem se dispusesse pagar juros de 5% por ao mês.

         Pois bem, este filho do homem que emprestava dinheiro em Verdejante, por nome de Manoel, ficou aboletado na cadeira mais próxima do rádio. Queria ser o primeiro a ouvir o que aquela máquina teria para lhe dizer. E as horas passavam e o salão principal, com os sessenta assentos estava lotado. Não havia mais lugar para ninguém. Contudo, como alguns convidados que não eram sócios ocuparam cadeiras que certamente pertenciam aos associados, improvisram mais alguns tamboretes da vizinhança para comodar exatamente os quatro sócios que ficariam em pé, caso não lhe providenciassem os respectivos tamboretes.

         Lá fora o burburinho era constante. O povo esqueceu até de comer, tomar banho, outras atitividades que, de certo, não fosse a inauguração da Sociedade de São Vicente de Paula, fariam. Um detalhe naquele ambiente de homens, nenhuma mulher, nem as esposas dos associados nem filhas poderiam entrar. Só homens e filhos. Havia críticas por isso também, a mulher sempre discriminada.

         - Mas o que tem demais uma mulher entrar aí?

         - Talvez eles vão fazer alguma coisa que envergonhe as mulheres!

         - Não! É que nem a Maçonaria: só aceita homens em seus quadros, nunca mulher!

         Este último observador, foi o mesmo que falou sobre as ondas do rádio.

         É chegada a hora. O professor João Batista vai para frente dos sócios e numa breve palavra de bosa vindas, diz que a Sociedade de São Vicente de Paula, filiada à grande Sociedade de Paris, chega para o bem do povo mais humildes e pelo progresso de Verdejante. Recebe efusivos aplausos. O prefeito Lucas Pinto apenas coloca o dedo sobre os lábios finos, como se  estivesse a dizer algo, mas em silêncio: “Isto diábo! Esse professorzinho quer mesmo me botar para trás”! Pensava lá com os seus botões.

         Três meninos, os mais espertos do lugar, trepados nas janelas, assistiam com grande atenção às cerimônias daquela solenidade: Wilson Danta e Guerra. Eram espectadores privilegiados. O técnico em rádio, vindo do Ceará, tomava as últimas providências para que, na hora exata em que o presidente ligasse o rádio, nada desse errado.

         E foi nessa enfusão de grande contentamento, quando se fez um silêncio especial dentro daquela sala repleta de homens, e que fazia um calor insuportável, que o professor João Batista, no momento preciso de botar o rádio para falar, pronunciou esssas paolavras:

         - Companheiros sócios da nossa querida Sociedade, é com prazer que vos apresento o rádio receptor trazido do Rio de Janeiro que, através das ondas captadas pela antena que se projeta lá fora, no teto, que será ligado toda noite, a partir de amanhã, sintonizando a Rádio Sociedade da Bahia,  nos dará em tempo recorde as notícias do Brasil e do mundo.

         Aplausos. Expectativa. João Batista gira um botão que dá um estalo, uma chiadeira se prolonga, enquanto o técnico faz mais ajustes e, como uma mágica de circo, ouve-se uma voz masculina extamente às 16h00 daquele dia, anunciando: “Alô, alô, Repórter Esso, alô!?” E em seguida um música caracterísitica daquele horário e programa. Depois o locutor deu as notícias daquela tarde. As pessoas ficavam de boca aberta. O filho de um dos sócios, no entanto, levantou-se e bradou:

         - Eu não sou besta não! É uma pessoa que está dentro desse caixão falando, tentando enganar a nós aqui... Não! Como é que pode uma pessoa falar lá na Bahia e se escutar em Verdejante?

         Todos caíram numa risada uníssona e longa, transformada em sonora gargalhada era Manoel, o herdeiro do ricasso emprestador de dinheiro, descrente daquele milgare da ciência e da tecnologia. Necessário se fez levá-lo, pela mão, para trás do rádio, o técnico com muito cuidado desparfusando a tampa traseira da geringonça, apresentar ao Manoel que ali dentro havia somente fios soldados, vávulas e pequenas peças que faziam o rádio falar, isto é, retransmitir a voz vinda de longe.

         Meio conformado, reçabiado ainda, Manoel voltou ao seu lugar ainda protestando:

         - Ainda penso que isso aí é um truque!

         Logo o pequeno incidente foi passando de boca em boca. Daqui a pouco em todas casas, todas as esquinas e em qualquer lugar daquela cidade comentava-se que o filho do endinheirado da cidade, o Manoel, dera uma de abestalhado e quase não acreditou que um pequeno auto-falante não pudesse reproduzir a voz de alguém léguas de distância, pela genial invenção de Guglielmo Marconi.

         Mais uma surpresa estava para acontecer naquela tarde. O professor João Batista, depois que todos assinaram o livro de atas, dando por inaugurada a Sociedade de São Vicente de Paula, e saíram, abriu todas as portas e mandou que o povo entrasse, ordeiramente, e assistissem a pequenos intervalo o rádio tocando músicas ou a voz do locutor fazendo algum anúncio. As pessoas, em fila, passavm diante do receptor, paravam por alguns segundos, depois caminhvam e davam a volta para saírem pela porta lateral.
        
         Essa atitude do professor, que agradou a todos que estavam do lado de fora daquele prédio, desgostou o Cironel Lucas Pinto, que foi-se resmungando e sungando as calças, dizendo:

         - Isto diabo! Esse professorzinho vai me tirar o juíuzo!

         Para maior desespero do prefeito, o presidente da Sociedade, João Batista, anunciou que o rádio seria ligado para todos que quisessem ouvir, uma vez por semana, às sextas-feiras. Os que ouviram aquele anúncio aplaudiram e saíram dali fazendo a propaganda.

         Guerra, Wilson e Danta também abismados com aquela novidade nunca antes em Verdejante acontecida, desciam a rua principal, atravessando a praça em frente à matriz, conversavam:

         - Vixi! Vocês ouviram a voz do homem que falava de longe?

         Disse Wilson bastante admmirado.

         - E as músicas que tocaram de um tal de Francisco Alves, depois Vicente Celestino... Caubi Peixoto, também.

         As canções que intercalavam com a voz que maravilhava os ouvintes encantaram Danta.

         - É. E João disse que toda sexta, quem quiser pode ir ouvir o rádio. Acho que eu vou está presente.

         Observou Guerra, os outros dois amigos confirmaram ao mesmo tempo:

         - Eu também!

         Os amigos notaram um casal de namorados conversando animadamente, de mãos dadas na calçada do sobrado. Antonio de Luzia e Dorotéia. Como o mundo dá voltas. O destino é, ao mesmo tempo, traiçoeiro e bom. Um dia faz uma vítima para deixar livre o caminho de outro. Ou seria aquele ditado popular criado da imaginação e anonimamente perpetudao nos quatro cantos da Terra: Deus escreve certo por linhas tortas.

         A noite caía. Hora do Ângelus. O sino da igreja, pelas mãos do sacristão zeloso, manoel dantas, badalava compsadamente as seis vezes. De repente a cidade caía em si, melancólica e saudosa. Nas ruas tortas e semi-escuras pairava um ar de tristeza e resignação. Podia-se dizer que todas as pessoas, ao um só tempo, persignavam-se e faziam suas orações íntimas. Com certeza pediam a Deus perdão dos pecados e muitos anos de vida para si, para os familiares, amigos e toda a Humanidade.

         Quem ficou por último ouvindo a rádio Sociedade da Bahia através das ondas curtas no receptor da Sociedade de São Vicente, sentitiu uma emoção mais forte, quando um locutor de voz destacada fazia uma oração tendo como fundo musical a Ave Maria de Schubert.

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RESUMO: Aqui foi a inauguração da famosa Sociedade de São Vicente. Isso aconteceu com todos os episódios com alguma pitada de ficção, é claro. Próximos capítulos prometem estripulias dos meninos e muita política dos adultos. 
     
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* William Lopes Guerra é advogado, pesquisador e escritor em Apodi, herdeiro dos direitos autorias do pai

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Salário do professor diminui com a implantação do Piso


De acordo com informações publicadas no blog da Janeayre Souto, diretora de Organização do SINTE, na Folha de Pagamento da rede estadual de ensino está confirmada o pagamento de 34% para o magistério estadual.

O pagamento dos 34% será dividido em quatro parcelas iguais a ser pagas de setembro a dezembro, com isso cada parcela fica equivalente a 7,76%.•.

Conforme a entregue ao SINTE e distribuída pelo governo (para ler é só clicar no ícone do PDF que se encontra ao lado). Isso se verifica no professor de nível superior da letra “A”, o PN III da letra “A”, receberá o salário de setembro trazendo uma redução no bolso do professor de R$ 66,78 a menos do que esse mesmo professor recebeu no mês de agosto.

Essa é uma conta que você mesmo pode fazer em agosto o professorPN III da letra “A”, teve como salario base R$ 930,00 + 146,00 de teto remuneratório = 1.076,00. Se você pegar esse valor e descontar o IPE terá, R$ 1.076,00 x 11% = 118,36. Subtraindo o valor do desconto do IPE de R$ 1.076,00 – 118,36 = R$ 957,4.

No mês de setembro esse mesmo professor fará a seguinte continha:PN III da letra “A” tem como salario base R$ 1.000,74. Se você pegar esse valor e descontar o IPE terá, R$ 1.000,74 x 11% = 110,08. Subtraindo o valor do desconto do IPE de R$ 1.000,74 – 110,08 = R$ 890,66.

A deformação apresentada no pagamento do Piso do Magistério, só será corrigida com o pagamento da parcela de dezembro. Para verificar é só você conferir o seu vencimento com a tabela proposta pelo governo (tabela está em PDF).

Essa é mais uma proposição salarial que o governo estadual Publicouem anexo em PDF, o documento distribuído pelo governo do estado.


Isso é uma vergonha! O governo estadual não pode desrespeitar a população dessa maneira.




Fonte: Blog da Janeayre Souto

terça-feira, 27 de setembro de 2011

1º Encontro de Violeiros de Apodi


O espetáculo da vida




Que você seja um grande empreendedor. Quando empreender,não tenha medo de falhar. Quando falhar, não tenha receio de chorar. Quando chorar, repense a sua vida, mas não recue. Dê sempre uma nova chance a si mesmo.


Encontre um oásis em seu deserto. Os perdedores vêem os raios. Os vencedores vêem a chuva e a oportunidade de cultivar. Os perdedores paralisam-se diante das perdes e dos fracassos. Os vencedores começam tudo de novo.

Saiba que o maior carrasco do ser humano é ele mesmo. Não seja escravo dos seus pensamentos negativos. Liberte-se da pior prisão do mundo: o cárcere da emoção. O destino raramente é inevitável, mas sim uma escolha. Escolha ser um ser humano consciente, livre e inteligente.

Sua vida é mais importante do que todo o ouro do mundo. Mais dela que as estrelas: obras-prima do Autor de vida. Apesar dos seus defeitos, você não é um número na multidão. Ninguém é igual a você no palco da vida. você é um ser humano insubstituível.

Jamais desista das pessoas que ama. Jamais desista de ser feliz. Lute sempre pelos seus sonhos. Seja profundamente apaixonado pela vida é um espetáculo imperdível.


Augusto Cury

Onde Você Guarda o Seu Racismo?

sábado, 24 de setembro de 2011

Parque das Imbecilidades

Por José Walter Silva*




Bem Vindos ao “Parque” das Imbecilidades!



Amo meu país, minha terra, minha gente, nordestino de origem, mente e coração! Brasileiro! Mas tem horas que vejo aberrações que não suporto, e única saída é escrever e ler coisas boas depois são minhas vacinas para não diluir meu cérebro em tanto ácido da idiotice!


As frases e palavrinhas de ordem são:


Corpos sarados. Tradução= gente bombada, mulheres masculinizadas, 



Celebridades. Tradução= qualquer pessoa que tenha chance de ir para reality shows.

Fama. Tradução= condição de outrora de pessoas ilustres e grandes artistas, hoje prostituída pela mídia, tem como senha corpo sarado, bunda e peitos de silicone e o mínimo de pudor, faz se presente em saída de reality de efeito curto.

Beleza. Tradução= subjetivo, olhar da mídia, moeda de troca, ilusão, tem prazo de validade.

Dinheiro. Tradução= sinônimo de felicidade, compra pessoas em calçadas e programas de TV.

Ser chique. Tradução= tudo que a TV e revistas afirmar que é!

Botox. Tradução= necessário para quem não aceita a idade e não aceita envelhecer. 

Silicone. Tradução= essencial para a sociedade corpólotra e preguiçosa.

Lipoaspiração. Tradução= veneno artificial que tem na bula falsa, beleza e juventude. 

Dietas magicas. Tradução= sonho de parte significativa da humanidade e ajuda vender revistas. 

Reality shows. Tradução= engrenagem criada para diminuir a função cerebral, ajuda a ridicularizar pessoas e enaltecer gente idiota, servem também para mulheres saradas pousarem nuas após sua saída, mas em alguns casos precisam sair com jogadores famosos, artistas decadentes, também participam, tem efeito magico midiático de curta duração e milhões de pessoas pagando e assistindo essa merda no Brasil!

Desculpem se meu texto é esculachado, mas só prometo piorar um pouco da próxima!

“Dos filhos deste solo és mãe gentil pátria amada Brasil”...



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José Walter Silva é graduado em Ciências Sociais pela UERN e pós-graduado em Gestão Ambiental pela FIP. É professor, músico, cantor e compositor. E coordena, na cidade de Mossoró, o projeto Artes vs Cultura do Lixo.
Mais informações: http://jose.walter.zip.net

Quem canta seus males espanta...

Para alegrar a tarde de sábado, um vídeozinho saindo do forno... Titãs e Paralamas no Rock in Rio 2011




‘'Se eu ganhasse R$ 712, ia ser servente de pedreiro''


O jornalista Flávio Castro Pena, assessor da liderança do governo Antonio Anastasia (PSDB), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, provocou os professores acampados na frente ALMG, dizendo:

“Se eu ganhasse 712 reais, ia ser servente de pedreiro”.

De quebra, o assessor ofendeu os professores — há mais de 100 dias em greve pelo pagamento do piso da categoria estabelecido pelo Ministério da Educação (MEC) — e os serventes de pedreiro.

O jornalista Flávio Pena é tucano e o deputado Luis Humberto Carneiro, o líder do governo Antonio Anastasia na Assembleia Legislativa mineira.



Veja abaixo matéria exibida pela Rede Record de Televisão, na última quarta-feira (21), que mostra o drama da educação mineira. Na verdade, apenas um recorte da realidade educacional do Brasil.


Matéria exibida no Balanço Geral, da Rede Record, no dia 21/09/2011

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Quem canta seus males espanta...






"Onde há música não pode haver coisa má."
(Miguel Cervantes)

O tempo da primavera em nós

Por Cléo Busatto*



Para saudar a primavera tratei as plantas. Cortei os galhos secos. Revirei a terra e acrescentei húmus. Lavei as folhas, retirei a poeira. No inverno não é bom mexer com elas. Preferem ficar quietinhas e recolhidas. A energia se volta para dentro. Por fora parecem feias e sem vida. Mas lá, no interior escuro, algo se processa. É tempo de preparar um novo galho, que expandirá seu brilho na forma de uma nova folha, flor, fruto. Quando chega a primavera, a natureza sabe que é tempo de vir para fora em toda a sua plenitude, mostrar a beleza que carrega em si, construída lentamente, num processo silencioso e continuo. 



O mito nos conta, que a deusa Perséfone, quando jovem, foi raptada por Hades. Deméter, sua mãe e senhora da terra e das colheitas, fez um trato com o deus do mundo subterrâneo. Eles acordam que durante seis meses a jovem ficaria com ele, no mundo de dentro e depois, por outros seis meses, permaneceria na companhia da mãe, no mundo de fora. Quando ela chega à superfície, tudo floresce e madura. Quando ela volta para Hades, a natureza se contrai e se volta para o interior.


Cuidar do jardim metaforiza o ato me cuidar, para fazer a primavera acontecer em mim. No meu inverno, tempo de recolhimento, calada eu gero, o que potencialmente já existe. Quando a primavera se aproxima, eu também devo limpar minhas sujeiras que impedem o livre respirar, cortar o galho que não tem mais seiva, me adubar com terra boa e nutrientes, renovar a consciência dos ciclos da natureza. Tudo nasce, cresce e morre. Até um pensamento, uma forma de se olhar.


Primavera é tempo de se florir, deixar surgir novas ideias, novas formas de se lidar com as coisas, de desapegar e permitir que o belo que nos habita se espalhe na superfície. Tempo de se maravilhar com a vida, que explode em cores e perfumes, se deixar tocar pelo sonho que origina o movimento para o novo. É tempo de ver as coisas com os olhos da alma, e se assombrar com o que poderá se enxergar.


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* Cléo Busatto é escritora com obras literárias para crianças. Também produz e narra histórias em CD-ROMs. O  material é resultado da sua pesquisa sobre narração oral no meio digital. Mestre em Teoria Literária  pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e mediadora em projetos sobre oralidade, leitura e literatura infanto-juvenil. Publicou livros teóricos sobre oralidade. Nos últimos cinco anos capacitou mais de 50.000 pessoas. Atua como narradora oral. Suas histórias já foram ouvidas por mais de 75.000 pessoas no Brasil e exterior.

Mais informações sobre a autora, acesse: http://www.cleobusatto.com.br

Multiplique seu gesto por sorrisos



Linda campanha idealizada pelo Jornal Gazeta do Oeste. 

Aqui fica meu apoio pela bela iniciativa.

Então, gente, vamos doar!

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Romance de Quinta


Aventuras do Menino Danta e seu amigo Guerra

  Por William Guerra*


CAPÍTULO XXVII


         Era véspera de Natal.
        
         A Lapinha na igreja, feita caprichosamente por Maria de Dodô, estava sendo visitada pelos verdejantenses. Todos, sem exceção, da zona urbana ou da zona rural, vinham olhar por alguns instantes da bela Lapinha. Uma verdadeira obra de arte. E ela, Maria de Dodô estava sempre por perto, como que vigiando os intrometidos que tentassem tocar num objeto, no menino Jesus, ou nas plantinhas que havia plantado num pequenino córrego. Não se sabia como ela fazia aquela engenharia de ter sempre um filete de água correndo por ali. Era segredo da moça velha. Uma verdadeira obra de arte. Ficava feliz quando havia um elogio.

         Danta e Guerra lá estavam há horas, não se cansavam de ver aquele Presépio, mostrando quase que fielmente onde nascera Jesus, entre os animais, numa barraquinha feita de palha, e, ali mesmo, ainda bebê, recebera a visita dos três reis Magos que vieram do Oriente.

         Guerra ficava pensativo. Por que essa época do ano é tão triste? Tudo era um toque de melancolia, um sentimento de piedade. Por quê? Se era para festejar o nascimento do homem que veio para salvar a humanidade do pecado, então se entoavam músicas tristes? Um Papai Noel que enganava as criancinhas, principalmente as mais pobres? Alguma coisa estava errada. Daqui a algum tempo, com a morte de Cristo, vai se celebrar a Semana da Páscoa, aí, sim tudo alegre. Se pega Judas e o estraçalham, depois de enforcá-lo e haverá bebida, muita carne e bebida. Guerra não entendia essa contradição: tristeza pelo nascimento do filho de Deus, enquanto contentamento na sua morte.

         Hoje à meia-noite celebra-se uma missa que chamam de “missa do galo”. O povo todo iria àquela celebração. Ao as visitas à Lapinha se intensificam. A iluminação por dezenas de velas dá um aspecto mais triste ainda ao nascimento do menino Jesus. Mas a fé aumenta na medida em que percebe-se o apelo na mensagem daquela representação estática e sugestiva, saída das mãos e da astúcia da moça velha Maria de Dodô.        

         Os dois amigos, Guerra e Danta, não se cansavam mesmo de mirarem com todo vigor à Lapinha. Cresceriam com aquela imagem gravada para sempre na retina.

         Danta chama o amigo:

         - Vamos ali na praça, tem uma barraquinhas que vendem quebra-bucho.

         Guerra concordou e saem. A noite se aproximava depressa. Escurecia. Os candeeiros eram acesos, as lamparinas e os faróis. Nos postes de madeira penduravam-se as lâmpadas de azeite, era a iluminação pública.

         Chegaram a uma mesinha onde dispostos com muito asseio, bolos de milho, de batata e de grude para o freguês que se habilitasse a comer um, ou uma simples fatia. Na Noite de Natal aquilo se chamava “quebra-bucho”. Está aí uma pergunta que não quer calar:

         - Por que dão esse nome aos bolos que são assados hoje? Quebra-bucho?

         Perguntou com admiração o menino Danta.

         Guerra tentou explicar:

         - Quer dizer quem comer um pedaço desses bolos, vai ficar de bucho inchado, isto é, de bucho quebrado!

         Danta riu e completou:

         - Já entendi, passa a noite peidando!!!

         Os dois riram, descontraídos, e assim caminhavam os dois garotos. Pararam numa banqueta mequetrefe. Pobre em si, mas sobre uma pequena mesinha improvisada, um homem bancava o caipira. Uma latinha de manteiga, dentro um dado e na mesa um quadrado dividido em seis partes, cada parte numera de 1 a 6, a mesma numeração de pontos que contém um dado. Fichas feitas de sola, de tampinhas de Coca-cola, pedaços de cabaça, e alguns tostões dispostos ao freguês como chamariz. Arrisca e corre o risco de ganha-las.

         Mas os meninos ficaram pouco tempo naquela mini-banca, foram vê as demais. Aqui havia uma venda de café e aluá. Olha que interessante! Aluá e café. Mas, caso o freguês desejasse algo mais nessa noite de Natal, poderia comer tapioca de goma, pão-doce, bolacha fogosa acompanha do café, ou, se preferi, o freguês tem o aluá.

         Assim passaram pelas barraquinhas, paravam em cada uma, via as novidades e saíam. Já a noite avançara. A hora da missa do galo se aproximava. Daqui a pouco os meninos tinham que dormir e realizarem seus pedidos ao papai Noel. Danta indaga do amigo:

         - Que você vai pedir ao velhinho neste ano?

         Guerra responde que não pede nada. Não é mais besta para acreditar nessa história de Papai Noel. Isso é uma invenção para prender as crianças em suas redes.

         - Mas ano passado você ganhou um presente, lembra?

         Argumenta o menino Danta. Guerra rebate:

         - Foi, uma tigela lavrada com uma manga dentro. Foi meu pai quem a colocou debaixo da minha rede, homem!

         Danta continuou:

         - É. Eu ganhei um carrinho de pau, feito por Janoca Pade, pai daquela menina Francisca.

         - E daí? Foi seu pai quem mandou Janoca confeccionar o carrinho.

         Ainda continuaram nessa discussão por muito tempo. Voltaram à Lapinha, perderam os lugares privilegiados. Agora tinham que se contentar lá por trás da multidão, até que fosse saindo u7m a um  do fiéis para poderem voltar o local bem na frente, próximo mesmo do Presépio, de onde ficavam deslumbrados com aquela encenação de imagens sem vida.

         Durante a missa do galo, aconteceu um trágico episódio. Seu Lúcio fogueteiro, que condicionava os foguetões para as festividades da igreja, e ele mesmo os soltava, esqueceu o tição de fogo perto dos potentes explosivos foguetões, de repente pegou fogo em tudo e o estopim foi ensudercedor. Uma correria desenfreada. Gente para todo lado. Ninguém entendia nada. Parecia uma guerra, tiros de jagunços invadindo Verdejante.

         A Policia foi acionada tendo à frente o delegado Luiz Marchante.

         - Que diabo está acontecendo, seu Lúcio?

         - Nada não. Foi somente uma faísca de nada e fez todo esse estrupício!

         Justificou seu Lúcio, ajuntando o que sobrara dos foguetões. A missa do galo, naquele ano, ficou sem ouvir os estampidos cada um na sua vez. Porque o pipocar dos danados pelo chão, antecipou qualquer aviso de que Jesus acabara de nascer.

         O que causou hilariante cena nesta noite, quase causa uma tragédia de proporções enormes. A sorte é que, sequer a missa havia começado, mas imagina se fosse à hora em que o povo sai da igreja e povo todo o pátio em frente, local das explosões?

         O delegado deixou a sua recomendação:

         - Vê se o senhor tem mais cuidado com esses foguetões. Basta solta-los na hora exata. Antecipou o tição para acender os estopins dos bichos, viu no que deu? O tição tem que ser trazido no momento exato que o senhor for fazer a foguetada.

         Seu Lúcio balançou a cabeça dizendo que sim, estava certo. Quando o delegado deu as costas, o homem desatou a rir. Achou bastante engraçado o pipocar de tanto foguetão pelo chão.

         O dia amanheceu festivo na comunidade de Malhada Vermelha. Muita gente. Pessoas vindas de toda parte. Até o Bispo já se encontrava por ali, acompanhado do prefeito de Verdejante, demais autoridades e, com muita alegria, padre Benedito Basílio Alves o mentor da grande idéia de fazer aquele empreendimento que ficaria para sempre para a população: um Alambique, fábrica de cachaça!

         Os habitantes de Verdejante. Em especial da zona urbana, veio em peso prestigiar a inauguração. Uns vieram a pé, imagina, mais de três léguas de veredas, a estrada que apenas se abria para a passagem de carroças e o velho caminhão de Joaquim Relaxado. Este deu várias viagens, pois deixava um carregamento de gente, voltava para buscar mais pessoas. A cavalo, em carros de boi, de toda maneira veio homens, mulheres e meninos àquela festa de instalação do Alambique.

         Não podiam faltar Danta, Guerra e Wilson. Numa das viagens do caminhão de Joaquim Relaxado, eles aproveitaram e deram um jeito de também se fazerem presentes à comemoração, a despeito dos pais do três garotos também estarem na mesma localidade.

         Lúcio Fogueteiro soltava um rojão, vez em quando, anunciando a concentração. Era sempre assim em Verdejante. Qualquer acontecimento, qualquer anúncio, fazia-se com fogos.

         E o vai e vem das pessoas era algo impressionante. Casais de namorados. Velhos e crianças misturados a animais que também iam e vinham. Os vendedores ambulantes aproveitaram para se instalarem com as suas vendas. Uns até trouxeram o que sobrara de ontem, bolos e refrescos. Não podiam faltar as famosas mesinhas que ofereciam aguardente, que ainda não era a Malhada vermelha, mais conhaque de alcatrão de São João da Barra.

         De repente viu-se uma correria danada. Era a hora que se daria a inauguração. Todos se aglomeravam em volta da entrada da casa onde funcionaria a fábrica de bebida Lá estavam o prefeito, Coronel Lucas Pinto; o Coronel Chico Pinto, seu irmão, o Juiz de Paz, Doutor Severino Conrado, o delegado, Luiz Marchante, o Bispo da Diocese e o padre Benedito Basílio Alves. Mais algumas personalidades como o professor João Batista e o líder local, de Malhada Vermelha, senhor Raimundo Silva.

         As primeiras palavras, naturalmente, foram pronunciadas pelo padre Benedito:

         - Autoridades presentes, às quais saúdo através da pessoa do Senhor Bispo. Meus senhores e minhas senhoras. Estamos aqui para realizar um sonho acalentado desde os mais remotos anos. Esta localidade, com este açude e terras propícias para a plantação de cana, pode ser, a partir de hoje, um celeiro de oportunidades para muitos que estão por aí à cata de um trabalho. A cachaça Malhada Vermelha, até que enfim, vem de se tornar uma realidade.

         E exibiu, levantando acima das cabeças das pessoas, um litro com o conteúdo dentro, tampado com uma rolha feita de um pedaço de sabugo de milho. Ainda não haviam chegado as famosas rolhas de cortiça.

         A multidão delirava, aplaudindo, não as palavras do Vigário empresário, mas a “branquinha” que enchia o litro até o gargalo.

         Continuou:

         - Agora passo a palavra ao Senhor Bispo para dar como inaugurado este Alambique de Malhada Vermelha.

         O chefe do Cura da Paróquia de Verdejante, com voz sonora e forte, mãos postas, com sua batina preta, o solidéu roxo no cocuruto, ficava nas pontas dos pés, pois era um pouco baixo, dizendo:

         - Queridos irmãos! É para mim, motivo de grande emoção, poder cortar a fita que dará como inaugurado este aprazível recanto de fabricação de uma bebida bastante conhecida em nosso meio, que, no futuro, tenho certeza, será exportada! Está de parabéns o padre Benedito Basílio Alves e estão de parabéns todos que fazem este bendito sítio que possibilitou a instalação desta destilaria! Abençôo esta casa em nome do Pai, do Filho e do espírito Santo!

         A multidão exclamou:

         - Amém!

         Aplausos. O sacristão Manoel Dantas ofereceu a água benta, enquanto o Bispo cortava a fita de inauguração, e saiu, acompanhado de muita gente, molhando com algumas gotas o ambiente com a milagrosa água. Os curiosos vinham atrás. Foi uma empurra, empurra dos diabos. Quase atropelam o Senhor Bispo. Este, parando na bica de onde escorria a aguardente ainda quente, mas novinha em folha, aparou num copo de vidro decorado com bolinhas vermelhas e bebeu o primeiro gole. Fez uma careta, pediu pelo amor de Deus um pedaço de alguma coisa para mastigar, queria tirar o gosto. Não se sabe se por milagre ou prevenido mesmo, um homem, com cara de quem tomou já algumas, ofereceu ao Reverendíssimo uma banda de limão. Agradecendo, o Bispo o espremeu entre os dentes, fazendo mais careta ainda. Cuspiu à moda dos que ingerem esse tipo de bebida e ficou todo arrepiado. Mas não reclamou. Riu e ordenou que todos fizessem o mesmo.

         Mas houve um pequeno incidente. Seutonho Moreira, fazendeiro de boas terras no município de Verdejante, mais precisamente sítio Água Fria, estava presente. Amigo do padre Benedito Basílio Alves. Ia ao seu lado e perguntando sobre toda a parafernália ali instalada e que era o motivo da fabricação da aguardente. O Vigário, pacientemente, lhe explicava cada detalhe.

         De repente, o padre Bendito lhe mostrando uma enorme caldeira, onde era depositada a cana para uma etapa naquela fabricação9, Seutonio, mesmo já sabendo do que se tratava, repergunta ao seu amigo padre Benedito:

         - E isto aqui, padre, é uma caldeira?

         - Não Seutônio Moreira, isto aí é um prato!

         O fazendeiro não gostou da resposta, nem da piada. Devolveu à rispidez do Vigário.

         - O senhor, por conseguinte, está pensando que eu não sei das coisas?

         - Não< mas você para burro só falta o rabo...

         O homem ficou encabulado, mas, em cima da bucha, tornou a devolver a insinuação:

         - Então, padre, empreste-me o seu?!

         Os presentes que assistiam àquele episódio. Gargalharam! Que presença de espírito. Padre Benedito ficou furioso e foi preciso a intervenção de amigos e companheiros. Até o Bispo entrou nomeio dos dois. Daqui a pouco os ânimos se abrandaram e todos continuaram visitando cada cômodo e cada etapa no fabrico da cachaça Malhada Vermelha.                
                  
         Danta, Wilson e Guerra também se imiscuíram por ali e, juntamente com as pessoas iam vendo cada detalhe e as explanações dadas pelo padre Benedito Basílio Alves, agora meio chateado com o entrevero acontecido com o seu amigo Seutonio Moreira, de água fria.

         Lá fora Lúcio Fogueteiro soltava as enormes tabocas amarradas a um cipó de marmeleiro, cheias de pólvora, que ribombavam pela redondeza espantando animais e aves que nunca ouviram, até àquele dia, um pipocar no ar, enquanto um forte cheiro de pólvora         queimada se misturava com o forte cheiro de cana destilada. Era o milagre da transformação. Era a engenharia para a fabricação de aguardente 92°.

         Tudo continuou em festa e conversas. Muitos, os mais afoitos, já se embriagavam. Outros iam para a beirada do açude vomitar, os que não tinham o costume de ingeri bebida alcoólica, mas como era de garça...

         O sol já ia bem alto, as caravanas de pessoas montados em cavalos e burros, começavam a fazer o caminho da volta. Outros ficaram até bem mais tarde.

         As autoridades, sempre à frente o Senhor Bispo, foram almoçar galinha caipira com feijão, arroz de leite e muita farofa na residência do senhor Raimundo Silva.

         O curioso, para os meninos que já se morcegavam no caminhão de Joaquim  Relaxado, foi o fato de que todo o tempo da inauguração, alguém batia no chocho sino da Capela de Malhada Vermelha, anunciando o evento, mas que ninguém o escutava, a não ser eles três, Wilson, Danta e Guerra, que foram até lá e subiram na pequenina escada e viram, da janelinha lá de cima, o povo no pátio levantando poeira com suas pisadas para lá e para cá.

         Os três, durante a viagem de volta, comentaram a discussão havida entre o padre e Seutônio Moreira.
        
         Danta dizia:
        
         - Vocês viram, que padre Benedito ficou desconfiado, depois que Seutônio Moreira lhe pediu o rabo dele emprestado?

         Wilson exclamou:

         - Vixe! Vi sim. Dessa vez o padre levou a pior.

         Guerra apenas observou:

         - Foi uma bobagem meu padrinho padre Benedito Basílio Alves tentar desclassificar aquele homem.

         Tudo voltou ao silêncio. Para trás ficava a poeira daquela manhã de 25 de dezembro, quando se deu a inauguração do Alambique de Malhada Vermelha, construído, instalado e administrado pelo Vigário da Paróquia de Verdejante!

         Danta ainda puxou conversa sobre do Papai Noel.

         - Ganhei um apito e um boné.

         Wilson também revelou:

         - O meu brinquedo do Papai Noel foi um pião e uma camisa nova.

         Guerra disse que ganhara um livro.

        
NOTA: Quero pedir desculpas aos leitores, porque algumas palavras ainda saem com algumas letras trocadas, ou outro erro qualquer de digitação. Mas prometemos caprichar mais. E, se Deus quiser, quando essa história for lançada em livro, terá revisão, correção ortográficas e acrescidas de mais alguma coisa ou até suprimido outros tanto. Obrigado pela compreensão.


* William Lopes Guerra é advogado, pesquisador e escritor em Apodi, herdeiro dos direitos autorias do pa