A Redoma
Sirlia Lyra*
Como poderia viver sem arranhões, sem sentir o frio que dá na barriga quando bate o medo, sem sentir a areia fugindo por entre os dedos? A redoma quebrou paulatinamente e cada caco de vidro parecia uma potente furadeira que barulhenta e feroz, dilacerava as entranhas. Quisera que o cardiologista pudesse cura-la, pudesse minimizar tamanha dor.Seria possível reconhece-la? seria possível senti-la mais intensamente? seria possível não senti-la? Não senti-la seria renegar a própria vida.
Ah! a vida, tão bela e graciosa, vida, tão cheia de vida que nem cabia no peito, nem pensava que um dia o mundo iria desabar inteiro na sua cabeça. Quão ingênua fora ao acreditar que a redoma a protegeria das conseqüências do amor. Perguntava-se insistentemente sobre as rachaduras que geraram a quebra, como resposta veio apenas o silêncio do indizível.
* Sirlia Lyra é educadora e, nas horas vagas, mantém o blog Simplesmente Sirlia
A "Redoma" é representa um rompimento quase umbilical.
ResponderExcluirGrata pela publicação,
Sirlia Lira
sirlia.blogspot.com