sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Um bom gestor nasce no seio da escola

Agora há pouco li, no blog Apodiário, um interessante desabafo do Professor Roberland Queiroz devido ao descaso com que a educação vem sendo tratada pelos nossos governantes. Em seu depoimento, o professor questiona o fato da pasta da Secretaria Municipal de Educação se encontrar vaga, apesar de termos nomes competentes como a da Secretária Adjunta, Flávia Cristina, que mesmo atuando de forma coadjuvante, vem realizado um bom trabalho dentro daquela instituição. Concordo com o colega. Sem dúvida, tanto a Profª. Flávia como outros bons nomes que dispomos no cenário educacional local, se tiverem a autonomia necessária, podem desenvolver ações que trarão enormes ganhos para a educação do nosso município.

Gostaria tão somente de acrescentar aqui uma outra questão. Dessa vez relacionada  aos novos diretores das escolas. Aliás, novos não é bem o termo, uma vez que a maioria dos gestores nomeados até o momento já assumem essas pastas há bastante tempo em nosso município. O que ocorreu, na verdade, foi uma espécie de rodízio de diretores.  Tirou-se um gestor de uma escola e colocou-se em outra e vice-versa, com raras exceções. Alguns afirmam que essa medida visa  uma melhoria na gestão das escolas municipais. E é exatamente aí que entra o meu questionamento.  Sinceramente não consigo  compreender qual a contribuição que esse revezamento poderá trazer a nossas escolas, aos seus alunos, professores, enfim, o que a comunidade escolar ganhará com isso.

Os princípios que  permeiam a gestão educacional apontam que, para ser um bom gestor, um dos principais requisitos é ser conhecedor da realidade escolar. O diretor precisa conhecer a escola. Deve entender o contexto escolar, conhecer bem a sua equipe e a sociedade em que a escola está inserida, compreender o funcionamento da instituição, conceber sua proposta pedagógica e saber os problemas que cercam a escola, como também os pontos positivos existentes em volta dela.  Resumindo, o diretor precisa saber de tudo o que acontece dentro e fora da escola, pois tudo, de uma forma ou de outra, acaba exercendo grande influência na sala de aula, que é o eixo central do trabalho escolar. Portanto  transferir um diretor de uma escola para outra, principalmente nas vésperas do início do ano letivo, pode ser deveras prejudicial para essas instituições de ensino, pois se interrompe um trabalho que vem sendo desenvolvido e se insere um novo ator, que por  capacitado que seja,  levará um bom tempo para adquirir o conhecimento suficiente para desenvolver um bom gerenciamento escolar.

Entendo, embora não concorde, que sendo esse ainda um cargo de confiança, em nosso município, as alterações muitas vezes precisam ser realizadas, por questões políticas. Entretanto, ao que parece, não é bem o caso, uma vez que os atores em sua maioria não mudaram, apenas foram transferidos de cenário, como num simples rodízio de pessoal. Sem que para isso tenha sido levada em conta a opinião ou os interesses daquela que deveria ser o público alvo: a comunidade escolar. 
Em vista desse panorama, fico ainda mais convicta da necessidade de uma urgente implantação de gestão democrática, nas escolas municipais de Apodi. Nesse modelo  gestor, que defendo de forma ferrenha, o diretor é escolhido por meio de eleição direta que se baseia na vontade da comunidade escolar. Creio ser essa a maneira que mais favorece o debate democrático na escola, o compromisso e a sensibilidade política por parte do diretor, além de permitir a cobrança e a co-responsabilidade de toda a comunidade escolar que participou do processo de escolha.


Vale, contudo, lembrar que os posicionamentos expostos  acima não se fundamentam apenas no "achismo". Minha tese se baseia primeiro no conhecimento empírico, uma vez que já tenho cerca de 15 anos dedicados ao trabalho educacional. Alicerçam-se ainda em conceituados teóricos, como  José  Libâneo, Heloísa Lück, Ilma Veiga, Cláudio de Moura Castro,  que já tive a oportunidade de estudar quando cursava Pós-Grauação em Gestão Educacional, que defendem de forma sólida que o diretor deve sempre nascer no seio da escola e não ser introduzido de forma imperiosa, pois assim ele jamais será  parte integrante da escola, mas apenas um simples apêndice do estabelecimento em que trabalha, tornando-se muitas vezes, por isso, dispensável.

3 comentários:

  1. Belas palavras, professora. Ah, sem falar no excelente embasamento teórico.
    Parabéns pelo blog, pelas palavras e por tamanha sabedoria.
    Forte abraço.
    Prof. L.C.Sax

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  2. Excelente texto Rokatia,

    Qndo o prof. chegar a PMA eh a primeira cioisa q ele vai fazer, eleicoes diretas nas escolas...

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  3. Belíssimo texto! A única forma dessas ações se concretizarem será a sociedade fazer suas cobranças, da mesma forma que os blogs estão fazendo!

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