domingo, 1 de abril de 2012

Um Monumento para Apodi


"Morte do Padre Philipe Bourel", de autor desconhecido da Escola Portuguesa do Seculo XVIII,
é a primeira tela da mencionada Escola que registra uma paisagem do Brasi

Um povo que não olha para o seu passado não entenderá o hoje, pois rompeu com a sua história e se perderá no caminho do futuro por suprimir elos que deveriam liga-los, como um quebra-cabeça que lhe falta as peças para a sua armação. Uma cidade histórica que não tem monumento, marcos, bustos, estátuas, obeliscos, arcos, etc é uma borracha no seu passado. 

É voltando ás páginas amarelecidas, recapitulando, encaixando os acontecimentos mais longínquos dos primórdios imemoriais que só através dos alfarrábios conseguimos nos deparar com vultos e passagens louváveis do povoamento das terras de Apodi, que com certeza insofismável extrapola a nossa circunscrição municipal e, nos projeta no cenário estadual, até mesmo no nacional. Quem leu o livro do jornalista Laurentino Gomes (1822), um dos mais vendidos do Brasil em 2011, vê que o autor se detém reportando a Chapada do Apodi sobre a lenda mítica da Labatut. Essa é outra história que dará mais um monumento, vamos explorá-la futuramente. 

Um monumento para Apodi será um marco indelével como registro de quão importante é o seu passado, para isso se faz necessário resgatá-lo e historiar, não só aos seus filhos, mas para o campo fértil do turismo. Sim, ergam o monumento, por que já fazemos parte do conjunto das muitas cidades deste país com passado enriquecido ao longo das datas, porém rompido com o antes e o depois, por não termos sequer um monumento erguido em suas vias e logradouros. Para não olvidar e ser injusto há um acanhado busto do ex-chefe político, Francisco Pinto, chantado na pequeníssima praça de mesmo nome. 

O que ora aqui faço, nada mais é o eco do nosso historiador Walter de Brito Guerra, que nos denunciava a falta de monumentos e a não preservação desses, como o do Bicentenário da Paróquia, demolido antes de concluído como fora projetado. É revendo a história de Apodi que encontramos nos compêndios de Olavo de Medeiros Filho (Notas para a História do RN, 2001 e Ribeiras do Açu e Mossoró, 2003), o registro e ressurreição do episódio da morte do padre Felipe Bourel, a quem os apodienses devem justas homenagens. Tal fato se sobressai, ao da primeira tela pintada no Rio Grande do Norte, em 1709, em terras de Apodi, que retrata a morte do fundador da Missão de São João Batista da Ribeira de Apodi, por consequência de embate aguerrido entre índios Paiacus e Janduís. 

Por um monumento clamamos a ser erguido às margens da lagoa de Apodi, no trecho conhecido por Calçadão, doravante: complexo Turístico Lacustre – Padre Felipe Bourel e contendo a fixação, em grandes dimensões, da réplica do quadro original que se encontra no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e cópia no Instituto Histórico e Geográfico do RN. Estendemos os parabéns pelos os que estão engajados nessa luta, à Câmara Municipal de Apodi, principalmente ao edil Evangelista, por acatar esse ideal brilhante partido de cidadãos apodienses comuns. A idealização veio da iniciativa do senhor Railton Dantas que me pediu uma sugestão de nome de ente da nossa história para nomear aquele calçadão construído com verbas do governo federal. Nada mais correto, lógico e pertinente o nome do missionário Felipe Bourel por aldeiar os índios naquele espaço e, consequentemente, pela história que se desdobra. Agrupa ainda, com este ideal participando de reunião, os professores César Silva e Ozamir Souza, o advogado Pedro Martins, o técnico em eletrônica, Francisco Noronha e o pároco Maciel. Ainda, Adonias Sousa, Antônio Lopes, Roberto Hellinsk, Raimundo Marinho Pinto e tantos outros e entidades jurídicas que apoiam e incentivam a proposta. Os que omitimos seus nomes foi por falta de espaço neste escrito. 

Um monumento para Apodi dependerá, também, do poder executivo municipal sancionar o projeto aprovado pelo legislativo, emplacando-o e se fazer erguer o marco colosso imbatível as intempéries, de magnificência beleza arquitetônica, já que a história requer e está à altura, para que seja contemplado pelos olhos dos visitantes, unindo com a visão agradável da lagoa à arquitetura do monumento e, sem ficar para trás, a riqueza da nossa história. 

Então, parece-nos que nesta contextura a própria história do Apodi conspira a favor, coincidentemente, hoje, temos uma historiadora de formação acadêmica – prefeita – par unir o útil ao agradável. 

Registre-se! Ergam-no, perpetue à posteridade! 

Natal, 22 de março de 2012. 


Nuremberg Ferreira de Sousa
Licenciado em Geografia


(Artigo originalmente publicado n'O Jornal de Hoje, no dia 31.03.12)

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