Aventuras do Menino Danta e seu amigo Guerra
Por William Guerra*
CAPÍTULO XX
Padre Benedito Basílio Alves subiu para o seu quarto e ficou trancado por longo tempo. Deitado numa rede. Mãos sob a cabeça, mirava as telhas antigas da antiga casa. Um teto construído há muitos anos. Companheiro de centenas de confidências. Segredos que ficavam por lá, impregnados entre o desgaste do tempo e a resistência de sua feitura, um barro tirado no Vale que, depois de moldada e cozida, a telha, séculos eram precisos para acabar com a sua serventia.
Não cogitou conversar com a empregada. Não se arvorou em sair pelas calçadas dos verdejantenses e palestrar, como fazia sempre. Isolou-se. Queria pensar no que fazer. De qualquer maneira era verdade. Pelo menos esse acontecimento bombástico era verdadeiro. Tinha que pensar no que fazer. Não poderia abandonar a batina. Não lhe apetecia deixar seu senhor ofício de pastor de ovelhas, ovelhas de Cristo.
Naquele velho teto, parece ver a cidade em polvorosa comentando a sua união com Mercês. Os mexericos, os exageros, pois o povo é pródigo em aumentar casos assim. Como iria se explicar perante Tilde, Adofina e Cotó? E toda a população? Seria difícil para os paroquianos entenderem uma mentira...
Sim a verdade! Não podia fugir dela, a verdade! Somente a verdade redime. Nada mais. Mas qual verdade? Dizer que não era verdade, a verdade? Que tudo não passava de boato? E Mercês, que diria? Sustentaria a sua palavra contra a dos seus pais, do padrinho Vicente Maia e do senhor Adrião Bzerra?
A vergonha, restava-lhe a vergonha! E seus superiores, que diria? Seria expulso da ordem sacerdotal? Para onde ir? Ficar em Malhada Vermelha com o seu Alambique? Casaria com mercês? Teria filhos? E Ele, Deus! O perdoaria? O que fazer numa situação dessas? Era home, carne fraca, também amava o corpo, também tinha desejos! Pediria socorro a Jesus Cristo, o homem mais compreensivo dentre toda a humanidade.
Levantou-se de um salto. Foi ao oratório. Acendeu uma vela e viu a imagem de São José com o Menino Jesus no colo. Que mágica... De repente parece que um estalo se deu em sua cabeça, teve uma ideia.
Adrião Bezerra lhe garantira que ninguém além dele, Vicente Maia e os pais de Mercês estavam sabendo a verdade. Verdade que padre Benedito não confirmara. Portanto, uma brecha havia para sair daquela situação vexatória e escandalosa, decerto perderia a credibilidade e o apoio da Diocese.
Tinha que agir com calma e logo. Antes que o caldo entornasse. Daria uma cartada certeira, ataria a questão com um nó sem pontas. Ninguém saberia de nada e, ainda que a boataria vier a espalhar mexericos maldosos na comunidade, nada ficará provado, segundo o seu miraculoso plano a ser colocado em ação ainda essa noite.
Pegou do que precisava naquele momento, meteu tudo no enorme bolso da batina e desceu a escada, chegou até onde estava a empregada e disse:
- Estou arrumando as coisas para salvar o seu nome da boca maldita do povo!
Mercês ficou espantada. Coisa assim repentina e ainda por cima com palavras jogadas de chofre, o seu amante não a estava ajudando, parecia que pretendia deixa-la mais preocupada ainda.
- Que é que há? Por que esse negócio de arrumando as coisas?
Padre Benedito Basílio Alves acrescentou que não se preocupasse com nada, tudo daria certo. Foi saindo pela porta da frente, a mulher o chamou:
- Benedito?!
Pela primeira vez ela o chamava apenas pelo primeiro nome, dispensando os sobrenomes e o prefixo: padre.
Voltando de repente, deu com a fogosa mulher chorando. Agora começava o seu martírio de verdade. Choro de mulher. Pranto de mulher que ama. Que não o deixaria em paz. O infortúnio nos amantes é justamente isso: quando se amam de verdade, vivendo dentro um do outro, não poderiam se separar. E nos planos do Vigário estava a separação.
- Não chore...
Disse o representante de Cristo em Verdejante. Procurando consolá-la e a abraçou com força. Na escuridão da sala Mercês ouvia, seu ouvido encostada no peito do padre, o bater acelerado de um coração que sofria.
- Eu vou ajeitar as coisas de tal maneira que ninguém vai falar de ti. Ninguém terá prova nenhuma e tu serás muito feliz... Garanto.
O pranto aumentou. Mercês soluçava. Desvencilhou-se do homem que amava. Deu alguns passos e desabafou:
- Sempre fiquei com esse pressentimento. Que um dia você me mandaria embora. Que não me assumiria. Fiz de tudo por nosso amor. Escondi da minha família. Segui os seus conselhos para que ninguém ficasse sabendo. Entreguei-me com toda paixão. Agora se confirmam as minhas suspeitas...
Com um pano que trazia à mão, secava as lágrimas que formavam verdadeira queda d’água. O padre ficou apreensivo, não suportava aquele lamento, aquele choro preocupante. Sentou numa cadeira e falou mansamente:
- O meu plano não é lhe mandar embora. Nem tirar você da minha vida. Pelo contrário, vais ficar mais perto de mim, será a mulher da minha vida ainda mais próxima, só que ninguém vai saber como, entendeu?
Mercês ficou mais tranqüila, apenas soluçava, indagou:
- Jura?
- Juro!
Disse o amante sorrindo. Foi até onde ela estava e lhe deu um beijo na testa. Ela retribuiu. Padre Benedito Basílio Alves pediu que ela ficasse calma, tomasse um copo de água e continuasse nos seus afazeres que ele teria que dar uma saidinha. Ela disse que sim com a cabeça, também riu e entrou. O padre a observava, mulher bonita, nova e com um andar balançando as ancas - isso que me deixou apaixonado! Pensou o padre.
Saiu na noite. Uma aragem gostosa soprava no meio da rua. A batina preta de padre Benedito Basílio Alves voava suavemente. Ele tomou o rumo da residência de Vicente Maia.
Antes passou na casa do tesoureiro da prefeitura, Carrinho. Teria dois dedinhos de prosa com o pai de Guerra. Ao chegar à calçada, encontrou João batista sentado palestrando com seus pais. Deus boa noite. Foi bem acolhido e, oferecida uma cadeira de balançou, sentou.
Cães vadios latiam lá para as bandas do despejo. Meninos brincavam de esconde-esconde por ali. Faltava Guerra naquela algazarra. Carrinho, meio poeta, para quebrar o gelo, fez um comentário:
- Que lua bonita bóia no espaço... Meu tempo de rapaz... Quantas serenatas...
Todos riram. Riso de contentamento, romantismo dos bons. O padre acrescentou:
- Para você ver, agora é que estou achando que a lua é mesmo dos namorados. Quando jovem, antes de decidir ser padre, eu tive noiva, sim, mas não possuía esse platonismo leviano dos homens de invocar o astro natural da Terra para enfeitar as noites de idílios...
- Hummm....
Foi só o que manifestou João Batista com aquele palavreado bonito do padre. Mas, como não poderiam ficar falando de romantismo nem de que a lua pertence aos namorados, o Vigário foi direto ao ponto:
- Bom. Noticias do meu afilhado? Parece que ele fez alguma coisa hoje...
- Já está em casa. Eu fui buscá-lo. Cheguei quase agora.
Disse o irmão de Guerra. De lá de onde estava, espichado na sua rede, Guerra ouvia a conversa sobre a sua pessoa. Padre Benedito Basílio Alves sabia muito bem esconder a sua contrariedade que o afligia nesse momento, pois puxara a conversa sobre o menino traquinas que ninguém duvidava que ele fora até ali para isso mesmo, não estaria se dirigindo para outra residência, onde, certamente, trataria do seu assunto delicado, para não dizer delicadíssimo.
- E o que foi dessa vez?
Quem respondeu ao padre foi João batista:
- Mais uma vez para punir os seus amigos, Guerra atingiu com uma vara reforçada a cabeça do garoto Joãozinho Rodrigão, que me parece mora lá perto do Peque, naquele Oásis. Filho de um paraibano que chegou a pouco tempo por cá. E se não me engano é tangedor de gado, ou vaqueiro.
Padre Benedito colocou a mão no queixo, como se estivesse arquitetando um plano, ou analisando o episó
Padre Benedito colocou a mão no queixo como se estivesse analisando o episódio, ou arquitetando um plano.
- Amanhã manda o Guerra falar comigo, pela manhã. Vou vê se ele começa a estudar de verdade e passar a ler livros, conhecer o mundo da Gramática, fazer contas e aprender de vez para ser um grande homem, como o é seu irmão João Batista!
O jovem professor ficou sem jeito. Agradeceu as palavras do Vigário e adiantou:
- Eu já escolhi a Gramática com a qual eu comecei meus estudos e ainda a consulto. Também já disse ao Guerra que eu vou lhe ensinar em casa. Quem sabe assim, o senhor lá e eu cá, de repente ele se interessa aprender alguma coisas...?
- Com certeza. Confio muito nos dois: João e o senhor, padre, padrinho do meu filho a quem ele tem muita atenção.
Disse dona Nhá, entrando na conversa sobre Guerra. O padre ainda perguntou:
- Souberam alguma coisa sobre o menino que ele abateu com uma estaca?
Carrinho respondeu:
- Sim. Fui lá. Falei com o pai do garoto. Ele entendeu e disse que estava tudo bem. E ainda me disse que o filho também não é flor que se cheire. É metido às brigas e dá uma de valentão. E que já havia advertido, que se chegasse em casa por ter apanhado na rua, tomaria uma sova do mesmo jeito. Eu pedi para que não fizesse isso.
O tesoureiro, que aos poucos, ficava surdo, doença que o perseguia há muito tempo, pedia para os seus interlocutores falassem mais alto para poder ouvir. Pertinho ainda dava para distinguir alguma coisa.
Disse padre Benedito:
- Ainda bem. Pelo que fiquei sabendo a pancada foi certeira e forte, o garoto ficou desacordado na areia, às margens da lagoa. Guerra também precisa ficar mais esperto, ter cuidado com as suas brigas de menino, pode um dia não ter tanta sorte...
Guerra ouvia tudo do seu cantinho de dormir. Na sala da frente, tinha medo de alma não pegaria no sono enquanto seus pais e seu irmão não entrassem. Ficava olhando o teto, as figuras desenhadas pelas sombras da luz da lamparina na parede, mas não dormia. Ouvia tudo o que conversavam na calçada, pois assim o medo não o perturbava tanto.
Padre Benedito disse mais alguma coisa, ou ditou mais alguma recomendação que se relacionava com o seu afilhado. Mudou o roteiro da palestra dizendo que ainda tinha que fazer outra visita naquela noite.
- Bem João Batista. Como foi a ida de vocês lá no sítio Arção? Viram o Coronel Dito Saldanha?
João Batista repassou todo o acontecimento da visita ao chefe político de oposição ao prefeito Lucas Pinto. O Coronel Benedito, ou Dito Saldanha, Fez as recomendações que se continuassem as visitas à população.
- O Coronel Dito vem sábado e, a partir de agora, todo dia de feira ele estará na cidade. Vai passar uma temporada sem ir à feira da outra cidade. Então nós vamos tê-lo aos sábados em nossa cidade para tirarmos as dúvidas e planejarmos para a próxima campanha de prefeito.
Padre Benedito ia balançando a cabeça aprovando o que o professor João Batista lhe passava como informação. Aproveitou o momento para indagar:
- Ele aprova a sua candidatura?
João Batista Guerra, o professor, amigo de todos, riu e respondeu, saindo pela tangente:
- Nós não conversamos sobre candidatura, ainda. Acho que o Coronel Dito Saldanha vai fazer uma reunião com todos os amigos partidários e simpatizantes para definir essa questão.
Padre Benedito ficou de pé, rindo também, mas rematou:
- Sábado quero uma prosa com o Coronel Saldanha. Vou dizer a ele que você é o candidato ideal para vencer o próximo pleito.
Carrinho protestou dizendo a Vigário que ainda estava sedo, não tinha porque sair agora, e que a conversa estava muito boa. Foi quando apareceu Socorro com uma bandeja com café fumegante nas xícaras.
- Sendo assim, não resisto aos cafés de Socorro. Este café, nessa brisa suave da noite, só faz o bem.
Tornou a sentar. Mas, depois de tomar o café e acender um charuto havaiano, não teve mais o que o sustentasse ali. Tinha que ir até à residência de Vicente Mais tratar de assunto delicado. Desejou boa noite a todos e recomendou que mandassem o menino Guerra amanhã à sua casa, tinha que conversar com ele seriamente. E foi-se, dobrou a próxima esquina sumindo.
Padre Benedito Basílio Alves ao chegar à casa de Vicente maia, teve uma surpresa, até parecia que sabia, o comerciante, que ele lhe visitaria essa noite, chamara os pais de Mercês para conversarem com o Vigário.
Cumprimentou a todos e Vicente maia o convidou a entrar e palestrarem na sala: os pais de sua empregada, o padre e ele. Os quatro se sentarem em volta de uma mesa. Sobre a mesa um possante farol. A mulher do anfitrião perguntou se padre Benedito aceitava um cafezinho que acabara de fazer. Este respondeu que sim, apesar de ter tomado um saboroso café em casa de Carrinho, daqueles que Socorro côa magistralmente.
Depois de acender mais um charuto e oferecer a Vicente Mais e ao pai de Mercês um havana legítimo, e os mesmos agradecendo dizendo que não fumavam, a conversa teve início.
Padre Benedito, soltando tufos de fumaça pela sala, começou:
- Estou aqui para colocar os pingos nos is!
Ouviu-se, de repente, um pio de coruja que a superstição do povo desta região assegura que aquele canto da coruja mais parece que se está rasgando uma mortalha. É de mau agouro. Houve um momento de tensão. O padre não acreditava em superstição e aproveitou para dizer que a coruja é uma ave boa, inocente e que sai à noite para procurar o que comer, já que passa o dia entocado. E o seu cantar é aquele, emitindo aquele som que se chama de pio, o pio da coruja.
Mesmo assim, todos, menos o padre, ficaram arrepiados com o seu canto noturno. Passado o instante de medo, a mãe de Mercês se benzeu e fez figa dizendo: “se for mau agouro que cai por cima de ti”, Vicente Maia, homem carrancudo, sério, que não gostava de perguntas idiotas, intimou o Vigário:
- Sendo para colocar os pontos nos is, padre, fale de uma vez a que veio. Os pais da minha afilhada vieram porque eu mandei chama-los. Eu pressenti que o senhor viria ainda hoje, pois pedi a Adrião bezerra que lhe explicasse alguma coisa com relação ao caso, e, dessa maneira, esperamos, os pais da moça e eu uma resposta do senhor. Pode dizer que nós somos todos ouvidos.
Padre Benedito teve que se ajeitar na cadeira, colocou os braços sobre a mesa e, meio envergonhado, foi narrando:
- Eu vou embora para a Capital do Estado. Fico aqui somente o tempo de terminar o Alambique de Malhada Vermelha. Depois, minha intenção é ir morar longe desta cidade que amo tanto. Já comuniquei aos meus superiores que está próxima minha saída de Verdejante.
Os tr~es ouviam a explanação do padre com atenção. A mãe de Mercês, de cabeça baixa, nem se movia. O pai, por sua vez, olhava o homem que parece estava amando a sua filha, porém, um representante de Cristo na terra, como se diz, celibatário e que não pode casar. Um escândalo dos maiores quando o assunto vier à tona com toda força. Seja lá o que o padre venha a propor, nada impedirá de o nome de Mercês cair na boca do povo e servir de motivos para todo tipo de insinuações.
- O senhor seja mais direto, por favor?
Pediu Vicente Maia. O casal ficou entreolhando-se e balançaram a cabeça como que confirmando a solicitação do compadre.
Padre Benedito, pigarreou, pediu mais uma xícara de café e continuou:
- Não adianta eu mentir. Pequei e devo ser castigado. Mentir seria aumentar a minha pena, porque dobraria o meu pecado. Eu sei disso. Rezei bastante e pedi a Ele, lá de cima, o nosso Guia e Protetor que me desse uma luz, uma idéia para que pudesse me sair da grande agonia...
Chega mais uma xícara de café fumegante. Toma-a pausadamente. A noite avança, já ouve-se o galo cantar no terreiro. Novamente a coruja passa crocitando. Ou isso, pois o padre disse que aquele lamento poderia ser de um corvo perdido por aí... Os demais continuaram em silêncio, enquanto a mãe de Me3rcês se benzia e pronunciava a mesma coisa fazendo figa: “se for mau agouro que caia por cima de ti”. Essas palavras são ditas há muitos e muitos anos, passando de geração a geração e assim continuará por mais tempo ainda.
Vicente Maia quase que fica como sempre acontece em ocasiões assim. Não agüenta embromação, conversa comprida se com duas palavras ou tr~es tudo está esclarecido, mas conteve-se e pediu outra vez:
- Padre Bendito eu tenho toda a atenção do mundo ao senhor. Mas por favor, não encomprida isso, bota em pratos limpos e acaba com a lengalenga, estou pedindo em nome dos meus compadres e da minha afilhada.
O Cura da Paróquia de São João batista e de Nossa Senhora da Conceição do Apodi, mais uma vez, ajeitou-se na cadeira, acendeu outro charuto e, finalmente, explanou:
- Pronto! N~]ao mais o que se discutir. Vou embora para a Capital e Mercês vai comigo. Pronto! Ponto final. Lá, dependendo dos acontecimentos, deixo o hábito e me caso com ela. Nós nos amamos e está encerrada a conversa.
Houve um momento de tensão na sala. Como Mercês já é maior de idade, os seus pais não poderão fazer nada, a não ser pedir que a filha seja bem tratada como merece e que não a deixe sofrer. O pai da moça levantou o braço como que pedindo a palavra e argumentou:
- E como ficam os falatórios que vão aparecer a qualquer momento em Verdejante? O nome da minha filha vai ficar na rua? O senhor tem um plano para combater isso?
Mas que coisa, fosse outro a ficar com Mercês feita amante os seus pais tomariam outra atitude. Era o costume. Mas como se tratava de um padre da Igreja Católica Apostólica Romana a coisa era bem diferente. O problema para eles residia no falatório da população, nos mexericos e os boatos que voavam para todo lado e seriam aumentados aonde chegasse. Quanto ao Vigário, padre Benedito Basílio Alves, eles confiavam, até o comerciante e sério Vicente Maia depositava confiança nele.
O padre, levantando-se, começou a andar em volta da mesa, os três permaneceram nos seus lugares. Enquanto o Vigário andava sua sombra ia se projetando na parede da sala, ora enorme sombra, outras vezes, bem menor, conforme a aproximação para com o bendito farol que alumiava o ambiente. Disse:
- Aparecendo falatório eu tenho como contra-argumentar nas minhas homilias aos domingos. Fica a palavra do povo contra a minha. Se a voz do povo é a voz de Deus, a voz do Vigário também é!
Ainda deu algumas voltas pela sala. Uma ou duas indagações foram acrescentadas. Deram por satisfeitos nas ponderações do ilustre Vigário e se despediram. Padre Benedito tomou a terceira xícara de café e acendeu o terceiro charuto. Antes de saírem, a mãe de Mercês chegou perto daquele homem de cabeleira basta, alto e de voz possante, apertou sua mão, e numa súplica falou assim:
- Padre, estimo bastante ter um genro Vigário que sabe encaminha as pessoas no perdão dos pecados. Minha filha disse que o ama e acho que o senhor também a ama. Mas, diga-me, pelo amor de Deus, ela está grávida?
Nova tensão no ambiente. Tudo caminhava com tranqüilidade, mas aquela pergunta reanimou a todos no sentido de se desanuviar mais um problema a ser resolvido, dependendo da resposta do padre. Este, apertou com força a mão da mãe de Mercês e sentenciou:
- Não sabemos. Mas se isso acontecer, juro que será a maior felicidade que vem acontecer à minha vida. Fique descansada, a senhora será a primeira a saber e vai ficar do lado dela, estejamos onde estivermos, vai ficar com Mercês no mento exato.
Todos ficaram mais tranqüilos. Os pais de Mercês se foram e o padre se despediu de Vicente Maia agradecendo por tudo e que também queria a sua compreensão para o que poderia vir em seguida. O homem tido como de palavra, com ele era sim, sim, não, não! Assegurou que faria de tudo por sua afilhada.
Padre Benedito saiu feliz daquela casa, rumo à Casa Paroquial, fumando o seu charuto, iria contar tudo à mulher da sua vida... Daqui a pouco.
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RESUMO: Verdejante vai ter muitas novidades e acontecimentos vão ser demais... Aguardem...
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