quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
Greve de Novo?
Ao que tudo indica as redes públicas de todo o Brasil podem ficar sem aulas nos próximos dias. Trabalhadores em educação de todo país começam a se organizar no sentido de paralisarem suas atividades.
Na rede estadual de Rondônia, a paralisação já começou na quinta-feira, logo após o carnaval. No Rio de Janeiro, a categoria realizou uma parada, ontem, 28, com ato em frente à Assembleia. Nos dias 14, 15 e 16 de março, outros 42 sindicatos de docentes, incluindo todos os estaduais, se unirão a estes em greve de três dias.
No Rio Grande do Norte, em assembleia realizada hoje, em Natal, a categoria decidiu realizar mobilizações nas escolas, no sentido de buscar o apoio de pais e alunos sobre a decisão paredista que deve ser deflagrada no dia 14 de março, duas semanas após o início do ano letivo.
As paralisações tem como foco duas reivindicações. A primeira é pressionar pelo pagamento do piso nacional que em 2012 será de R$ 1.451. A segunda é a campanha para que o Plano Nacional de Educação para a década 2011-2020 preveja 10% do PIB para a área e não 8% como o atual projeto no Senado.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte (SINTE/RN), até o dia de ontem (28), os dirigentes aguardaram uma audiência com o Governo ou ao menos um contato para discutir sobre o reajuste do piso dos servidores. Como não houve nenhuma sinalização, a categoria definiu pela paralisação, no próximo dia 14. No entanto, os sindicalistas ainda esperam que antes disso, o Governo se manifeste com relação à regularização do piso, previsto para janeiro. "A ausência de diálogo é prejudicial", afirmou ao Jornal De Fato a coordenadora geral do SINTE-RN, Fátima Cardoso.
A boa notícia para estudantes e professores é que, de acordo com o Jornal De Fato, apesar de destacar que o momento não permite impor ao Rio Grande do Norte uma proposta que gere tanto impacto financeiro, a governadora Rosalba Ciarlini reafirmou que vai cumprir o Piso Nacional do Magistério. "Já ficou definido o patamar de 22,22%. Vamos cumprir como fizemos no ano passado, quando concedemos 34% para que o Rio grande do Norte cumprisse com a Lei do Piso", disse a governadora Rosalba Ciarlini, sem especificar a partir de quando dará o reajuste.
Agora é aguardar para vermos as cenas dos próximos capítulos da novela "O Triste Fim da Educação Brasileira".
Professor precisa e merece ganhar bem
Por Alexandre Garcia
Alexandre Garcia - Bom Dia Brasil - Rede Globo |
Piso do professor passando para R$ 1.451? Baixíssimo para a profissão que constrói o futuro. Foi valorizando o professor em meados do século 19 que a Argentina deu um salto. Cinquenta anos depois, ela era um dos países mais ricos e prósperos do mundo.
A educação é solução para tudo: para o desemprego, para a violência urbana e até para a concorrência dos produtos chineses. Aliás, perguntem aos chineses qual o segredo? Educação. Prefeitos, paguem o professor que o município vai ganhar. Que economizem no controle da corrupção, no excesso de "comissionados", porque o dinheiro da educação é o mais bem aplicado.
Enfim, o que temos hoje é uma educação medíocre, formação sofrível de professores e salário péssimo. Parafraseando a ameaça religiosa de séculos: fora da educação, não há salvação.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Dez Dicas para escrever artigos científicos
Se você
não tem uma (boa) idéia, não tente
escrever um artigo científico. A melhor opção, nesse caso, é produzir uma
resenha ou um texto crítico ou de opinião a respeito de uma idéia, um tema, um
autor – mesmo que o texto fique inédito. A idéia de um bom artigo pode surgir
durante esse processo.
Um
bom artigo deve conter uma (boa)
idéia, mas não muitas boas idéias. É importante, portanto, que você tenha claro
qual é sua melhor idéia. Caso você
não tenha apenas uma (boa) idéia,
mas sim várias, e queira escrever um artigo, é recomendável optar por uma das
alternativas a seguir: (i) hierarquizá-las, para deixar claro qual delas será
tratada; (ii) planejar a escrita de vários artigos, cada um sobre uma das suas
idéias (nesse caso, é recomendável que você não os escreva simultaneamente,
pois isso significa escolher alguma como prioritária, ou seja, significa voltar
ao item precedente); (iii) fundir as várias idéias em uma só, que seja
consistente, sem ser excessivamente genérica.
No entanto, para escrever um artigo
cientifico, é preciso, além de uma boa idéia (singular ou composta), usar teorias, informações e/ou dados
oriundos de uma pesquisa. A função principal de um artigo é precisamente a
de apresentar sinteticamente à comunidade científica os resultados de suas mais
recentes pesquisas.
Com clareza quanto à sua boa idéia e
com os resultados finais ou parciais de sua pesquisa à mão, eis dez coisas a
fazer para compor um bom artigo.
- Antes
de escrever, elabore um roteiro:
tenha uma idéia clara do que você quer demonstrar, confirmar/desmentir,
ilustrar, exemplificar, testar, comparar, recomendar etc. O começo, o meio
e o fim do artigo devem estar claros para você antes de ele começar a ser
escrito. Lembre-se: qualquer autor passa muito mais tempo revendo/reescrevendo (quase sempre mais de uma vez) os diferentes
trechos de um texto, do que escrevendo-os. Por isso, o roteiro ajuda a
compor a primeira versão que, em seguida, será objeto de várias revisões.
Não é por acaso que vigora a máxima de que o ofício de pesquisador requer
10% de inspiração e 90% de transpiração.
- Valorize
a fórmula consagrada de escrita chamada svp – “sujeito,
verbo e predicado”. Escreva “O conselho discutiu a regra”. Não escreva
“Discutiu a regra o conselho” ou “Discutiu o conselho a regra”. Usar
deliberadamente a voz ativa, sempre
que possível, ajuda a usar a
fórmula SVP – evite usar “A
regra foi discutida pelo conselho” ou “Foi discutida pelo conselho a
regra”. Usar esta fórmula simples de escrita ajuda a tornar o texto claro
e preciso, encurta as suas sentenças e diminui a possibilidade de cometer
erros de concordância, entre outros.
- Evite
generalidades, mas abuse dos dados. Generalidades são boas para conversa
de mesa de bar. Cada afirmação do seu artigo deve ser capaz de ser
respaldada por dados, achados e interpretações encontrados em artigos e
textos de outros autores ou na sua própria pesquisa. Não importa tanto o
que – ou quem - você usa para respaldar as suas afirmações, nem que você
respalde explicitamente cada afirmação, mas elas têm que ter respaldo.
- “Eu
acho”, “eu prefiro”, “o melhor é”, “deve ser”, “tem que ser”, “todo mundo
sabe que”, “sempre foi assim”, “a tendência natural é” - nada disso dá
respaldo a argumentos usados em textos científicos. Essas expressões
indicam manifestações de normatividade, de opção pessoal ou de
preferência. Evitar.
- Seja
lógico: após o A, vem o B, e não o C ou o D. Releia as suas afirmações e
conclusões: veja se elas têm mesmo respaldo empírico e se decorrem
logicamente da sua argumentação. É muito comum o uso de expressões como
“dessa maneira”, “portanto”, “segue-se que”, “assim”, “conclui-se que”
etc., sem que de fato haja relação lógica entre as conclusões e as frases
que a precedem. Exemplo: A: “O céu amanheceu sem nuvens.” B: “Sem nuvens
não há chuva.” C: “Portanto, não choverá nas próximas semanas.” A está
certo; B está certo; C pode até estar certo, mas não decorre de A nem de
B. C é uma afirmação ou conclusão que não decorre rigorosamente das
afirmações anteriores. Rigorosamente, C é uma suposição, mais do que uma
conclusão.
- Mantenha
as suas sentenças curtas. Para isso, a solução é simples: abuse dos pontos
finais, pois eles são gratuitos, não estão ameaçados de extinção e
organizam o seu texto. Sentenças longas exigem o uso excessivo de recursos
como virgulas, dois pontos, pontos e virgulas, travessões, parênteses etc.
Eles são também gratuitos e abundantes, mas quando usados a granel não
facilitam a leitura do seu texto. Sentenças longas devem ficar para os que
tem um bom domínio da língua, como os detentores do prêmio Nobel (José
Saramago) ou mestres da literatura (Machado de Assis). Mas, cuidado com
Guimarães Rosa: o uso recorrente de neologismos funciona muito melhor na
literatura do que em textos científicos.
- Reserve
tempo para sempre ler literatura (romances, contos, novelas, narrativas,
poesias etc.), mesmo quando estiver redigindo a sua tese ou dissertação.
Ler bons textos é fundamental para aprender a escrever. Procure textos que
se relacionem com as suas deficiências de escrita. Por exemplo, os
prolixos devem ler João Cabral de Melo Neto, e os muito secos podem
escolher Vinicius de Moraes.
- Não
use apud quando puder se referir
diretamente a um autor/texto, pois este é um recurso excepcional. Leia e
cite sempre o autor e o texto originais, a não ser que seja um texto
antiqüíssimo que existe apenas na Biblioteca Nacional de Paris ou que
esteja escrito apenas em chinês arcaico ou em aramaico.
- Busque
sempre usar como fontes os autores mais reconhecidos, as maiores
autoridades no assunto. Não é porque você teve um bom professor que
escreveu um artigo ou
deu uma boa aula a respeito de um assunto que ele é a referência mundial
nesse assunto. Da mesma forma, não se limite a ler e a citar os autores e
textos usados pelos seus professores prediletos. Aprenda a usar ferramentas
que lhe permitam identificar os autores mais importantes em cada área de
saber, inclusive aqueles com quem você não necessariamente concorda. No
entanto, os autores não devem ser usados ou citados apenas porque são
reconhecidos, mas sim porque são bons e pertinentes à construção de seu
texto.
- Regra
de ouro para publicar artigos: “quem não pesquisa, não escreve; quem não
escreve, não submete; quem não submete, não é aceito; quem não é aceito,
nunca será publicado;. quem não é publicado permanece anônimo, e de nada
vale um cientista ou intelectual anônimo.”
Referência bibliográfica: Bursztyn, Marcel; DRUMMOND, José Augusto, NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Como escrever (e publicar) um trabalho científico. Rio de Janeiro : Garamond, 2010.
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
Hoje é tempo de ser feliz!
A vida é fruto da decisão de cada momento. Talvez seja por isso, que a idéia de plantio seja tão reveladora sobre a arte de viver.
Viver é plantar. É atitude de constante semeadura, de deixar cair na terra de nossa existencia as mais diversas formas de sementes.
Cada escolha, por menor que seja, é uma forma de semente que lançamos sobre o canteiro que somos. Um dia, tudo o que agora silenciosamente plantamos, ou deixamos plantar em nós,será plantação que poderá ser vista de longe...
Para cada dia, o seu empenho. A sabedoria bíblica nos confirma isso, quando nos diz que "debaixo do céu há um tempo para cada coisa!"
Hoje, neste tempo que é seu, o futuro está sendo plantado. As escolhas que você procura, os amigos que você cultiva, as leituras que você faz, os valores que você abraça, os amores que você ama, tudo será determinante para a colheita futura.
Felicidade talvez seja isso: alegria de recolher da terra que somos, frutos que sejam agradáveis aos olhos!
Infelicidade, talvez seja o contrário.
O que não podemos perder de vista é que a vida não é real fora do cultivo. Sempre é tempo de lançar sementes... Sempre é tempo de recolher frutos. Tudo ao mesmo tempo. Sementes de ontem, frutos de hoje, Sementes de hoje, frutos de amanhã!
Por isso, não perca de vista o que você anda escolhendo para deixar cair na sua terra. Cuidado com os semeadores que não lhe amam. Eles têm o poder de estragar o resultado de muitas coisas.
Cuidado com os semeadores que você não conhece. Há muita maldade escondida em sorrisos sedutores...
Cuidado com aqueles que deixam cair qualquer coisa sobre você, afinal, você merece muito mais que qualquer coisa.
Cuidado com os amores passageiros... eles costumam deixar marcas dolorosas que não passam...
Cuidado com os invasores do seu corpo... eles não costumam voltar para ajudar a consertar a desordem...
Cuidado com os olhares de quem não sabe lhe amar... eles costumam lhe fazer esquecer que você vale à pena...
Cuidado com as palavras mentirosas que esparramam por aí... elas costumam estragar o nosso referencial da verdade...
Cuidado com as vozes que insistem em lhe recordar os seus defeitos... elas costumam prejudicar a sua visão sobre si mesmo.
Não tenha medo de se olhar no espelho. É nessa cara safada que você tem, que Deus resolveu expressar mais uma vez, o amor que Ele tem pelo mundo.
Não desanime de você, ainda que a colheita de hoje não seja muito feliz.
Não coloque um ponto final nas suas esperanças. Ainda há muito o que fazer, ainda há muito o que plantar, e o que amar nessa vida.
Ao invés de ficar parado no que você fez de errado, olhe para frente, e veja o que ainda pode ser feito...
A vida ainda não terminou. E já dizia o poeta "que os sonhos não envelhecem..."
Vai em frente. Sorriso no rosto e firmeza nas decisões.
Deus resolveu reformar o mundo, e escolheu o seu coração para iniciar a reforma.
Isso prova que Ele ainda acredita em você. E se Ele ainda acredita, quem sou eu pra duvidar... (?)
Padre Fábio de Melo
O que o mundo pode aprender com a mudança educacional na Finlândia?
O Jornal O Globo traz, hoje, em seu caderno Educação, uma interessante entrevista com Pasi Sahlberg, diretor de um centro de estudos vinculado ao Ministério da Educação da Finlândia, país que ocupa o 3° lugar no ranking do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) 2009, aplicado em 65 países pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.
Em seu livro, “Finnish lessons: what can the world learn from educational change in Finland?” (em uma tradução livre, Lições finlandesas: o que o mundo pode aprender com a mudança educacional na Finlândia?), Sahlberg destaca que e a maior preocupação dos finlandeses é com a qualidade dos professores e dos ambientes de aprendizado.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
O insustentável preconceito do ser!
Por Rosana Jatobá*
Era o admirável mundo novo! Recém-chegada de Salvador, vinha a convite de uma emissora de TV, para a qual já trabalhava como repórter. Solícitos, os colegas da redação paulistana se empenhavam em promover e indicar os melhores programas de lazer e cultura, onde eu abastecia a alma de prazer e o intelecto de novos conhecimentos.
Era o admirável mundo civilizado! Mentes abertas com alto nível de educação formal. No entanto, logo percebi o ruído no discurso:
- Recomendo um passeio pelo nosso "Central Park", disse um repórter. Mas evite ir ao Ibirapuera nos domingos, porque é uma baianada só!
-Então estarei em casa, repliquei ironicamente.
-Ai, desculpa, não quis te ofender. É força de expressão. Tô falando de um tipo de gente.
-A gente que ajudou a construir as ruas e pontes, e a levantar os prédios da capital paulista?
-Sim, quer dizer, não! Me refiro às pessoas mal-educadas, que falam alto e fazem "farofa" no parque.
-Desculpe, mas outro dia vi um paulistano que, silenciosamente, abriu a janela do carro e atirou uma caixa de sapatos.
-Não me leve a mal, não tenho preconceitos contra os baianos. Aliás, adoro a sua terra, seu jeito de falar....
De fato, percebo que não existe a intenção de magoar. São palavras ou expressões que , de tão arraigadas, passam despercebidas, mas carregam o flagelo do preconceito. Preconceito velado, o que é pior, porque não mostra a cara, não se assume como tal. Difícil combater um inimigo disfarçado.
Descobri que no Rio de Janeiro, a pecha recai sobre os "Paraíba", que, aliás, podem ser qualquer nordestino. Com ou sem a "Cabeça chata", outra denominação usada no Sudeste para quem nasce no Nordeste.
Na Bahia, a herança escravocrata até hoje reproduz gestos e palavras que segregam. Já testemunhei pessoas esfregando o dedo indicador no braço, para se referir a um negro, como se a cor do sujeito explicasse uma atitude censurável.
Numa das conversas que tive com a jornalista Miriam Leitão, ela comentava:
-O Brasil gosta de se imaginar como uma democracia racial, mas isso é uma ilusão. Nós temos uma marcha de carnaval, feita há 40 anos, cantada até hoje. E ela é terrível. Os brancos nunca pensam no que estão cantando. A letra diz o seguinte:
"O teu cabelo não nega, mulata
Porque és mulata na cor
Mas como a cor não pega, mulata
Mulata, quero o teu amor".
"É ofensivo", diz Miriam. Como a cor de alguém poderia contaminar, como se fosse doença? E as pessoas nunca percebem.
A expressão "pé na cozinha", para designar a ascendência africana, é a mais comum de todas, e também dita sem o menor constragimento. É o retorno à mentalidade escravocrata, reproduzindo as mazelas da senzala.
O cronista Rubem Alves publicou esta semana na Folha de São Paulo um artigo no qual ressalta:
"Palavras não são inocentes, elas são armas que os poderosos usam para ferir e dominar os fracos. Os brancos norte-americanos inventaram a palavra 'niger' para humilhar os negros. Criaram uma brincadeira que tinha um versinho assim:
'Eeny, meeny, miny, moe, catch a niger by the toe'...que quer dizer, agarre um crioulo pelo dedão do pé (aqui no Brasil, quando se quer diminuir um negro, usa-se a palavra crioulo).
Em denúncia a esse uso ofensivo da palavra , os negros cunharam o slogan 'black is beautiful'. Daí surgiu a linguagem politicamente correta. A regra fundamental dessa linguagem é nunca usar uma palavra que humilhe, discrimine ou zombe de alguém".
Será que na era Obama vão inventar "Pé na Presidência", para se referir aos negros e mulatos americanos de hoje?
A origem social é outro fator que gera comentários tidos como "inofensivos" , mas cruéis. A Nação que deveria se orgulhar de sua mobilidade social, é a mesma que o picha o próprio Presidente de torneiro mecânico, semi-analfabeto. Com relação aos empregados domésticos, já cheguei a ouvir:
- A minha "criadagem" não entra pelo elevador social !
E a complacência com relação aos chamamentos, insultos, por vezes humilhantes, dirigidos aos homossexuais ? Os termos bicha, bichona, frutinha, biba, "viado", maricona, boiola e uma infinidade de apelidos, despertam risadas. Quem se importa com o potencial ofensivo?
Mulher é rainha no dia oito de março. Quando se atreve a encarar o trânsito, e desagrada o código masculino, ouve frequentemente:
- Só podia ser mulher! Ei, dona Maria, seu lugar é no tanque!
Dependendo do tom do cabelo, demonstrações de desinformação ou falta de inteligência, são imediatamente imputadas a um certo tipo feminino:
-Só podia ser loira!
Se a forma de administrar o próprio dinheiro é poupar muito e gastar pouco:
- Só podia ser judeu!
A mesma superficialidade em abordar as características de um povo se aplica aos árabes. Aqui, todos eles viram turcos. Quem acumula quilos extras é motivo de chacota do tipo: rolha de poço, polpeta, almôndega, baleia ...
Gosto muito do provérbio bíblico, legado do Cristianismo: "O mal não é o que entra, mas o que sai da boca do homem". Invoco também a doutrina da Física Quântica, que confere às palavras o poder de ratificar ou transformar a realidade. São partículas de energia tecendo as teias do comportamento humano.
A liberdade de escolha e a tolerância das diferenças resumem o Princípio da Igualdade, sem o qual nenhuma sociedade pode ser Sustentável. O preconceito nas entrelinhas é perigoso, porque , em doses homeopáticas, reforça os estigmas e aprofunda os abismos entre os cidadãos. Revela a ignorância e alimenta o monstro da maldade.
Até que um dia um trabalhador perde o emprego, se torna um alcoólatra, passa a viver nas ruas e amanhece carbonizado:
-Só podia ser mendigo!
No outro dia, o motim toma conta da prisão, a polícia invade, mata 111 detentos, e nem a canção do Caetano Veloso é capaz de comover:
-Só podia ser bandido!
Somos nós os responsáveis pela construção do ideal de civilidade aqui em São Paulo, no Rio, na Bahia, em qualquer lugar do mundo. É a consciência do valor de cada pessoa que eleva a raça humana e aflora o que temos de melhor para dizer uns aos outros.
PS: Fui ao Ibirapuera num domingo e encontrei vários conterrâneos.
* Rosana Jatobá - jornalista, graduada em Direito e Jornalismo pela Universidade Federal da Bahia, e mestranda em gestão e tecnologias ambientais da Universidade de São Paulo.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Rasgando o verbo ...
É fácil amar o outro na mesa de bar, quando o papo é leve, o riso é farto, e o chopp é gelado. É fácil amar o outro nas férias de verão, no churrasco de domingo, nas festas agendadas no calendário, quando se vê de vez em quando. Difícil é amar quando o outro desaba. Quando não acredita em mais nada. E entende tudo errado. E paralisa. E perde o charme. O prazo. A identidade. A coerência. O rebolado. Nessas horas é que se vê o verdadeiro amor, aquele que é companheiro, que quer o bem acima de qualquer coisa. E é esse o amor que dura pra sempre. Na verdade esse é o único que pode ser chamado de AMOR.
sábado, 4 de fevereiro de 2012
CONVITE
Hoje, sábado (dia 04/02), na comunidade do Jucuri, os poetas Maurílio Santos e Nildo da Pedra Branca estarão reunindo os amigos numa grande festa cultural a partir das 20 horas.
O evento, intitulado "MISTURANDO AS POESIAS" contará com a participação dos seguintes artistas:
Mazinho Viana & Raimundinho (do grupo Negantonho);
Luiz Campos e Kleber;
Concriz;
Maurílio Santos;
Nildo da Pedra Branca;
Caio César Muniz.
Participe.
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Quem canta seus males espanta...
Alô, fevereiro
Sidney Miller
Tamborim avisou, cuidado
Violão respondeu, me espera
Cavaquinho atacou, dobrado
Quando o apito chegou, já era
Veio o surdo e bateu, tão forte
Que a cuíca gemeu, de medo
E o pandeiro dançou, que sorte
Fazer samba não é brinquedo
Todo mês de fevereiro, morena
Carnaval te espera
Querem te botar feitiço, morena
Mas também pudera
Se ele pega no teu corpo
Vai ter gente enlouquecida
Querendo entender a tua dança
Querendo saber da tua vida
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