sábado, 1 de setembro de 2012

A Justiça faz a sua parte; o eleitor deve fazer a triagem.


Ótimo texto do jornalista César Santos, sobre a Lei do Ficha Limpa, e claro, sobre os "Fichas Sujas" e o uso de seus familiares.

Vale a pena ler!


A Justiça faz a sua parte; o eleitor deve fazer a triagem.

Lembra-se de Severino Cavalcanti, aquele presidente da Câmara dos Deputados que renunciou o mandato com o objetivo de escapar da cassação?

Severino saiu do baixo clero para ser eleito presidente e, com a mesma velocidade, rebaixado ao degrau menor, quando foi flagrado recebendo propina de um empresário para estender a concessão do restaurante da Casa, em um escândalo que ficou conhecido como “mensalinho”.

O caso ocorreu em 2005, pouquinho depois do estouro do “mensalão”. Ganhou as manchetes em todo o país, até o ponto de Severino renunciar o mandato. Em seguida, o pernambucano foi deixado de lado pela mídia nacional, mas não abriu mão de fazer política. Voltou para Pernambuco, onde havia preservado base eleitoral. Em 2008, foi eleito prefeito de João Alfredo, cidadezinha a 110km de Recife. Lá, ele mantém liderança.

Agora, Severino volta ao noticiário nacional, puxado pela Lei da Ficha Limpa. Ele foi impedido de disputar a reeleição pela Justiça de primeira instância e teve o indeferimento do registro de candidatura reafirmado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE). Persistente, o cabeça-dura avisou que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mesmo consciente que dificilmente alcançará êxito.

Ele é um ficha suja e ficha suja está barrado. A Justiça Eleitoral fechou questão.

O caso do famoso Severino Cavalcanti se repete país a fora; muda apenas os personagens. No Rio Grande do Norte, não é diferente. A Lei da Ficha Limpa garimpou figuras tradicionais da política que se consideravam intocáveis, malfeitores do bem público.

Os ex-prefeitos Nilton Figueiredo, de Pau dos Ferros; Mozaniel Melo, de Guamaré; Bebeto Almeida, de Campo Grande; Clemanceau Alves, de Angicos; entre outros não menos “famosos”, representam uma geração que não deve voltar à vida pública. Eles não fizeram bem, à medida que se utilizaram da máquina em proveito próprio, conforme consta nos processos em que eles foram julgados e condenados.

Infelizmente, os chamados “fichas sujas” ainda conseguem sobrevida, usando parentes ou correligionários de confiança. Eles lançaram candidatos as esposas, filhos, primos, cunhados e pessoas próximas. Serão os prefeitos se seus representantes forem eleitos. Isso não é bom.

Porém, com a firmeza que a Justiça Eleitoral estabelece a ficha limpa como parâmetro indispensável para o registro de candidatura, é possível afirmar que as eleições deste ano já são um divisor de água na luta pela moralização da política e da vida pública, e o eleitor tem a obrigação de fazer a triagem.

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