Por: William Lopes Guerra
Ora, caríssimos leitores:
Ficamos comovidos até à medula, pela inacreditável ação de um louco perante dezenas de crianças e adolescentes indefesos. Refiro-me à barbárie que um sujeito doente mental, dizendo-se marginalizado pela sociedade, praticou ceifando as embrionárias vidas de estudantes jovens, numa escola municipal no Rio de Janeiro.
Não escondo que chorei. Ainda hoje sinto uma revolta por me sentir num estado de letargia que me causa remorso, não ter, eu mesmo, evitado aquele massacre sem explicação. Como poderia fazê-lo, se estou distante milhares de quilômetros? Sequer quem estava naquele ambiente nos instantes de tirania daquele lombrosiano tiveram tempo de acudir os inocentes...
Mas eu poderia ter feito muita coisa, antes, para que tal monstruosidade não acontecesse. Terei eu votado, no referendum popular passado, que se deveria proibir de alguém comprar uma arma? Não. A grande maioria de nós votou pelo porte de arma legal, numa alegação infame de que todos têm direito de uma arma em casa para se defender.
Defender o quê? A arma é comprada e escondida, para que serve? Serve para isso aí: vendida aos loucos, aos desesperados, aos lombrosianos que estão por aí a causar tiranias que nem a de Realengo.
Arma quem deveria usar? Os militares, a polícia e mui especialmente na hora em que estivesse trabalhando. Outro elemento flagrado com arma seria considerado bandido. Esse é o ponto nevrálgico. Essa é a verdade. Há centenas de histórias de assassinatos inexplicáveis (se é que se pode mesmo explicar a necessidade de um assassinato). Disparos acidentais. Brigas de vizinhos que se poderiam terminar num acordo, a parte que possui arma em casa, logo, se acha o maior e... Foi o que aconteceu com uma vizinha barbaramente assassinada porque, ao lavar sua calçada, um pouco da barrela escorregou para a calçada do vizinho que possuía uma arma.
A violência só acaba quando acabarmos com as armas entre os civis. Por outro lado o magnetismo proporcionado pela imprensa, mostrando o fanatismo mulçumano: de Osama Bin Laden ao Chacal, dando entrevistas ocultas a canais de televisão para, depois, exibi-las como troféus na hora nobre dos telejornais é um incentivo para os depressivos, até! Um esquizofrênico, em condições de facilmente adquirir uma arma, desejará imitar os suicidas das guerras religiosas das tribos iranianas, iraquianas e outras mais que se dizem injustiçados diante do povo do Ocidente.
Na capa das revistas que mais circulam no país, lá estava estampado o rosto do facínora, como se fosse aquela espetaculosa e bem urdida capa de revista uma homenagem àquele desviado sem pais e sem pátria. Isso vai incentivar outros marginais por aí e, com a facilidade com que se compram armas no Brasil, mesmo que clandestinamente, logo o herói da morte estará sendo personificado noutras chacinas.
O segundo ponto para um avanço da civilização, no nosso entendimento, seria uma Lei severa, obrigando todos os filhos de Presidente da República, Governadores, Senadores, Deputados Federais, Deputados Estaduais, Prefeitos; Desembargadores, Ministros, Juízes e Procuradores da República... Ufa! Obrigando todos os filhos destas autoridades, estudarem em Escolas públicas brasileiras. Estimaria que se colocasse um dispositivo na própria Constituição nesse sentido.
Por que isso? Porque, assim, as nossas Escolas públicas passariam a ser as melhores, as mais bem equipadas, com professores remunerados à altura: desde a creche à Universidade.
Perguntem onde estão estudando os filhos destas autoridades? Matriculados em Colégios particulares de alto nível por aqui, ou, por outra, estão nalguma Universidade fora do país; nalguma Escola de primeiro mundo na Europa.
Mas com uma Lei deste porte, a coisa mudaria 100% e o nosso ensino, como num toque de mágica, estaria atingindo os píncaros do desenvolvimento compatíveis com alemães, suíços, franceses e até americanos. Do contrário, pelo mesmo motivo com que acontece com a venda de armas sempre a armar assassinos, também as nossas escolas públicas ficarão jogadas às traças, num eterno e cansativo sistema de busca de melhorias que não chegarão nunca.
De resto, o que assistimos de declarações sobre a chacina de Realengo e sobre a melhoria da nossa Educação, não passam de demagogia barata, enganando uma população tão sofrida e semi-analfabeta, pois tais declarações nós as escutamos há mais de cinco séculos.
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